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Indústria farmacêutica vê risco a paciente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Interfarma
(Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), Gabriel Tannus, disse ontem que a
quebra de patente do Efavirenz
pode ter grave repercussão à
saúde dos pacientes de Aids
que usam o medicamento porque a versão do remédio que
deve ser importada da Índia
não tem garantia de equivalência nem está registrado no país.
Além disso, alertou para risco de corte de oferta de remédios anti-retrovirais recém-desenvolvidos pela insegurança
do marco regulatório. Isto é, as
empresas podem optar por não
exportar o remédio por temer
quebra de patente. "A fala do
presidente mostrou que a questão não é um problema individual com a Merck. Qualquer
um está sujeito", disse Tannus.
Segundo ele, os laboratórios
da Índia que produzem a cópia
do Efavirenz são certificados
pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Porém, os medicamentos são apenas similares
e não podem ser considerados
genéricos pois não teriam certificado de bioequivalência, que
garante o mesmo efeito do remédio original no organismo.
"A qualidade é inferior. Usar
esses remédios pode reduzir a
sobrevida dos pacientes de oito
anos para seis anos. Além disso,
esses similares não estão registrados na Anvisa", disse.
O ministro José Gomes Temporão, porém, diz que essas
versões são genéricos comprovados, porque têm certificação
de bioequivalência e biodisponibilidade, ou seja, têm composição e efeito igual ao original.
A Anvisa informou que o Efavirenz fabricado pelos laboratórios Ranbaxy, Cipla e Aurobindo não estão registrados no
país, mas que a devida análise
técnica será feita assim que receberem a demanda do Ministério da Saúde. A Folha verificou que a OMS considera o
Efavirenz dos três laboratórios
qualificado em termos de "qualidade, segurança e eficácia".
Ciro Mortella, presidente-executivo da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica, avalia que a decisão mostra
falta de comprometimento
com o desenvolvimento industrial farmacêutico no Brasil.
"Não vejo como a mudança de
comprador pode impulsionar o
desenvolvimento do setor."
Presidente da Associação dos
Laboratórios Farmacêuticos
Nacionais, Alexandre Geyer teme instabilidade nas empresas.
"Este ato não incentiva o desenvolvimento da pesquisa."
A Câmara Americana de Comércio divulgou nota ontem
em que analisa a decisão do governo. "O Brasil tem o direito
de decretar uma licença compulsória, mas esta é uma decisão que deve ser tomada como
último recurso, quando não
existirem outras alternativas."
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