São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

De penitenciária, ordem interrompe tiroteio no Rio

Por determinação de criminoso detido em presídio de segurança máxima no PR, traficantes param de atacar PMs que ocupam favela

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Policiais perfilados durante o enterro do soldado Wilson Sant'Anna Lopes, 28, baleado anteontem na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro

LUIZ FERNANDO VIANNA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Do presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR), Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, transmitiu ontem a traficantes da Vila Cruzeiro ordem para que deixem de atirar em jornalistas e nos policiais que desde a noite de terça-feira ocupam a favela, na zona norte.
A determinação do chefe da facção criminosa Comando Vermelho e do tráfico de drogas no complexo de favelas do Alemão, onde fica a Vila Cruzeiro, chegou ao morro no início da tarde. Foi transmitida por presos do complexo penitenciário de Bangu (zona oeste).
A mensagem, conforme a Folha apurou, foi simples: o "homem" mandou parar com tiroteios. Para a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, no Alemão, o "homem" é Marcinho VP.
Para o Ministério da Justiça, a informação é incorreta. Marcinho VP não poderia dar ordem alguma porque está sem contato com pessoas de fora e com outros presos.
Após a determinação, os tiros escassearam na favela. Foi a primeira trégua desde a ocupação da Vila Cruzeiro pela PM, motivada pelo assassinato há quatro dias dos soldados Marcos André da Silva e Marco Antônio Ribeiro Vieira, no subúrbio de Oswaldo Cruz.
A PM também deixou de atirar contra os criminosos, por questão "de estratégia", segundo o Serviço de Relações Públicas da corporação.
Desde o início da ocupação, 12 pessoas já foram atingidas por balas perdidas na favela. Já houve três mortes: o soldado Wilson Sant'Anna Lopes, 28, e dois supostos traficantes.
Antes da trégua, uma equipe de reportagem do SBT foi atacada a tiros ontem de manhã na parte baixa da favela. Ninguém se feriu. A equipe estava a cerca de 1 km do lugar onde, na véspera, cinco fotógrafos foram alvo de disparos.

Choro
A morte do soldado do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio) Wilson Sant'Anna Lopes, atingido por uma bala de fuzil na Vila Cruzeiro na quinta, provocou comoção na tropa, traduzida em lágrimas copiosas no enterro realizado ontem.
A mãe do soldado desmaiou ao ver o caixão ser posto na cova. Lopes deixa uma filha de dois anos.

Texto Anterior: Polícia diz que vai apurar as denúncias
Próximo Texto: Assassino de Liana afirma à polícia que fuga foi "fácil"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.