|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
De penitenciária, ordem interrompe tiroteio no Rio
Por determinação de criminoso detido em presídio de segurança máxima no PR, traficantes param de atacar PMs que ocupam favela
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
|
|
Policiais perfilados durante o enterro do soldado Wilson Sant'Anna Lopes, 28, baleado anteontem na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro
LUIZ FERNANDO VIANNA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Do presídio de segurança
máxima em Catanduvas (PR),
Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, transmitiu ontem a
traficantes da Vila Cruzeiro ordem para que deixem de atirar
em jornalistas e nos policiais
que desde a noite de terça-feira
ocupam a favela, na zona norte.
A determinação do chefe da
facção criminosa Comando
Vermelho e do tráfico de drogas
no complexo de favelas do Alemão, onde fica a Vila Cruzeiro,
chegou ao morro no início da
tarde. Foi transmitida por presos do complexo penitenciário
de Bangu (zona oeste).
A mensagem, conforme a Folha apurou, foi simples: o "homem" mandou parar com tiroteios. Para a Subsecretaria de
Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, no Alemão,
o "homem" é Marcinho VP.
Para o Ministério da Justiça,
a informação é incorreta. Marcinho VP não poderia dar ordem alguma porque está sem
contato com pessoas de fora e
com outros presos.
Após a determinação, os tiros
escassearam na favela. Foi a
primeira trégua desde a ocupação da Vila Cruzeiro pela PM,
motivada pelo assassinato há
quatro dias dos soldados Marcos André da Silva e Marco Antônio Ribeiro Vieira, no subúrbio de Oswaldo Cruz.
A PM também deixou de atirar contra os criminosos, por
questão "de estratégia", segundo o Serviço de Relações Públicas da corporação.
Desde o início da ocupação,
12 pessoas já foram atingidas
por balas perdidas na favela. Já
houve três mortes: o soldado
Wilson Sant'Anna Lopes, 28, e
dois supostos traficantes.
Antes da trégua, uma equipe
de reportagem do SBT foi atacada a tiros ontem de manhã na
parte baixa da favela. Ninguém
se feriu. A equipe estava a cerca
de 1 km do lugar onde, na véspera, cinco fotógrafos foram alvo de disparos.
Choro
A morte do soldado do Bope
(Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio)
Wilson Sant'Anna Lopes, atingido por uma bala de fuzil na
Vila Cruzeiro na quinta, provocou comoção na tropa, traduzida em lágrimas copiosas no enterro realizado ontem.
A mãe do soldado desmaiou
ao ver o caixão ser posto na cova. Lopes deixa uma filha de
dois anos.
Texto Anterior: Polícia diz que vai apurar as denúncias Próximo Texto: Assassino de Liana afirma à polícia que fuga foi "fácil" Índice
|