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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Membros da bancada do PT contrários ao projeto que anistia lojas irregulares condenaram intervenção da prefeitura

Volta de ex-secretário acirra divisão no PT

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão de José Américo Dias de deixar a Secretaria da Comunicação para retomar seu mandato de vereador acirrou o racha na bancada de seu próprio partido, o PT. Dias voltou à Câmara para ajudar a gestão Marta Suplicy a aprovar o projeto que anistia o comércio irregular em algumas da cidade, mas sua volta foi duramente criticada pela parte da bancada do PT contrária ao projeto.
Dias reassumiu depois que sua suplente, Zélia Lopes (PT), declarou ser contrária à anistia. Com a adesão dela, o grupo que se opõe à medida ficava em maioria na bancada petista por um voto (9 a 8).
Para a vereadora Tita Dias (PT), uma das opositoras, "a maioria foi golpeada". O petista Odilon Guedes falou que foi uma "atitude inaceitável". Carlos Neder (PT) foi à tribuna expressar seu "desconforto com as circunstâncias".
Apesar disso, todos ressalvaram que a volta é "legítima, já que ele é o titular do mandato" -argumento usado pelo próprio ex-secretário. Mas consideraram que houve uma intervenção da prefeitura. Já para o líder do PT, José Laurindo, o retorno ajuda a "distensionar" a situação na bancada, já que Dias tem perfil negociador.
Dias afirmou que decidiu retomar seu mandato para votar projetos que considera importantes e que discutirá na semana que vem quanto tempo ficará na Câmara. Ele, porém, nega que isso tenha sido uma decisão do governo.

Mais problemas
Mesmo com a volta de Dias, o governo não conseguiu votar ontem a anistia às lojas nos chamados corredores de uso especial, como a Gabriel Monteiro da Silva.
Além disso, a decisão tomada no final da sessão de encerrar a fase de discussão pode tornar a aprovação da anistia ainda mais difícil. Com o fim dos debates, o projeto agora só pode ir a votação como está, sem modificações.
Acontece que alguns ainda pretendiam propor mudanças, como Milton Leite (PMDB). Antes contabilizado como um dos votos pró-anistia, o peemedebista declarou que será contra e tentará obter apoio de sua bancada.
O líder do governo, João Antonio (PT), rebateu que não vê nenhum problema no encerramento da fase de debates, "porque o projeto está sendo discutido há dois anos". Segundo ele, outras propostas que não as "emergenciais" devem ser tratadas apenas nos planos diretores regionais.
Em um obstáculo extra, o promotor Silvio Marques disse ontem que vereadores que votarem a favor da anistia serão processados, já que existem decisões judiciais definitivas contra esses estabelecimentos irregulares.
Pelo segundo dia seguido, as galerias do plenário foram tomadas por manifestantes. Ontem, havia gritos e vaias a todo momento.
Quando foi anunciado que Dias assumiria, o grupo contra a anistia gritou: "Zélia, Zélia, Zélia". Já os manifestantes pró-anistia chegaram a xingar vereadores que se opõem ao projeto.


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