São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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SEGURANÇA

Policiais civis e militares reivindicam reajuste de 54%; no Ceará, categoria iniciou ontem operação padrão

Polícia de Minas pára e Exército vai a rua

DA AGÊNCIA FOLHA

O governo de Minas Gerais anunciou ontem que utilizará o Exército para tentar assegurar a segurança da população durante a greve das polícias no Estado.
As polícias Militar e Civil, o Corpo de Bombeiros e agentes penitenciários de Minas Gerais entraram em greve ontem por tempo indeterminado, após as negociações por aumento salarial entre as entidades de classe -que querem um reajuste de 54%, e o governo estadual, que ofereceu 6%- terminarem em impasse.
"Em função da paralisação parcial do policiamento em algumas regiões da capital, o governo Aécio Neves [PSDB], para garantir a segurança da população, solicitou ao presidente da República a presença das Forças Armadas", disse o secretário-adjunto da Defesa Social, Luiz Flávio Sapori, às 22h.
Às 22h31, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota informando que "instruiu o Ministério da Defesa a ativar, de imediato, os órgãos operacionais das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem em Minas".
"As Forças Armadas deverão ser empregadas pelo prazo necessário para a superação da atual situação daquela unidade da Federação", diz a nota.
A nota do governo de Minas afirma que a presença do Exército será "temporária", já que o Estado aposta na "superação desse impasse com diálogo e bom senso".
Embora não tenha dado declarações após a leitura do comunicado, Sapori confirmou que integrantes do Exército começariam a ocupar postos de policiamento na capital mineira ainda na noite de ontem. Também não foi divulgado o contingente de homens a ser utilizado na operação.
A greve dos policiais já havia sido iniciada durante a madrugada de ontem. A Polícia Civil não realizou prisões na madrugada. O serviço de atendimento emergencial do 190 não pôde ser utilizado até as 4h. Diversas ocorrências deixaram de ser atendidas.
Na tarde de ontem, os agentes penitenciários também aderiram à paralisação. Em Belo Horizonte, segundo o sindicato dos policiais, a greve atinge 100% das atividades das corporações.
Em nota, o governo mineiro justificou a impossibilidade de oferecer o aumento almejado pelas classes, dizendo que, atualmente, "98,5% da arrecadação do Estado está comprometida com o pagamento da folha de pessoal, pagamento da dívida junto ao [sic] governo federal, os repasses constitucionais e obrigatórios, restando, portanto, apenas 1,5% para o atendimento do conjunto das demandas do Estado [manutenção e investimentos no sistema de segurança, manutenção de presídios, investimentos sociais, entre outros]".
Após duas reuniões ontem com o governo, representantes de policiais civis e militares, bombeiros e agentes penitenciários não aceitaram o reajuste salarial de 6% anunciado na quinta-feira pelo Estado e aprovaram a greve.

Ceará
A Polícia Civil do Ceará começou ontem no Estado uma operação padrão para pressionar o governo estadual a aceitar as reivindicações da categoria.
Segundo o diretor financeiro do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará, José Antônio Irênio Valentim Leitão, a operação deve durar 15 dias e foi decidida após assembléia na semana passada.
Segundo o sindicalista, no Ceará o efetivo da Polícia Civil conta com cerca de 1.300 homens.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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