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Mantenedoras criticam medida
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A proposta do Ministério da
Educação de ampliar a fiscalização nas universidades foi considerada uma ingerência por entidades ligadas ao ensino superior.
Os órgãos também observaram
que a medida irá criar a oportunidade para que os conselhos corporativos promovam uma espécie de reserva de mercado.
A avaliação foi realizada pelo
Semesp (Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado
de São Paulo) e pela ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior).
"Quem deve cuidar da educação é o MEC. Sempre haverá suspeição sobre a isenção das corporações nas avaliações. Há um interesse em jogo, na defesa e manutenção do mercado de trabalho.
Dá a impressão de que, depois de
passar a ponte, querem destruí-la
para que outros não atravessem o
rio", disse o presidente do Semesp, Hermes Figueiredo.
Para ele, ao possibilitar a participação dos conselhos nas avaliações, "o Ministério da Educação
está abrindo mão de suas prerrogativas". "Para que foram criados
os Sinaes [novo sistema de avaliação do ensino superior]? A não
ser que o MEC esteja se julgando
incompetente", afirmou
A opinião de Figueiredo é compartilhada pelo professor Gabriel
Márcio Rodrigues, presidente da
ABMES. "São duas coisas diferentes. Os conselhos servem para fiscalizar o exercício profissional",
afirmou Rodrigues. "Já a universidade e as faculdades têm sua
qualidade avaliada pelo MEC.
Não pode misturar. Os conselhos
podem opinar, dizer como um
curso deve ser, mas não podem
entrar nas universidades."
O presidente da ABMES foi
contundente ao comentar a possibilidade de a fiscalização ser feita
também pelos conselhos profissionais: "É uma ingerência. Não
seria aceita".
De acordo com a nova proposta
do MEC, serão formados conselhos superiores nas universidades
com a participação de professores, funcionários, estudantes e representantes da sociedade civil.
No caso das instituições particulares, os donos poderão indicar
apenas 20% dos componentes.
Para o ministro Tarso Genro
(Educação), a medida não põe em
risco a autonomia das entidades.
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