da Reportagem Local

Sem conhecer o caso, os psiquiatras Guido Palomba e Haim Grunspum disseram ontem à Folha que "não têm dúvidas" de que o uso de drogas deve ter sido um fator desencadeante para os assaltos promovidos anteontem pelo grupo de cinco adolescentes.
Os dois também classificaram as ações dos garotos como patológicas. "É um caso até fácil de compreender dentro de uma situação anormal, patológica", disse Palomba.
Segundo ele, por mais que os adolescentes neguem, eles devem estar envolvidos com drogas. "A atitude que tomaram é típica de um grupo de adolescentes problemáticos que se juntam para fazer algo errado e, nesse caso, foram atrás de dinheiro para obter droga", disse.
Segundo ele, sozinhos, os garotos talvez nunca fossem capaz de realizar um assalto, mas o grupo acaba dando força e coragem e uma sensação de impunidade, que acaba com o medo da polícia e de ser pego. "Os tiros acabam sendo uma consequência natural de algo que se interpôs em seu caminho", disse.
Grunspum diz que a droga não é a causadora, mas a desencadeadora de uma situação de violência como essa, já que a violência "está dominando como situação social em grande parte do mundo".
"Esse tipo de violência começou com grupos de jovens que saíam para destruir, bater em carros. Agora, foi exacerbada, virou uma patologia social."
Grunspum diz que não dá para dizer se a exposição do jovem à violência está levando-o a praticar a violência. "O presidente dos EUA, Bill Clinton, foi essa semana à TV dar um prazo de 18 meses para investigar causas e efeitos dessa violência e forneceu dados de que um jovem, até os 18 anos, é exposto a 200 mil cenas de violência real e 40 mil fictícias. Mas, se a violência da TV e dos videogames provocasse uma epidemia de violência, isso já teria ocorrido no Japão, por exemplo, o que não é o caso. Então, acho que temos de esperar esses 18 meses", disse.


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