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Ex-namorada nega acusações contra Viscome na Justiça
MALU GASPAR
da Reportagem Local
Tânia de Paula, ex-namorada do
vereador Vicente Viscome (sem
partido), voltou atrás ontem de todas as acusações que já fez contra o
parlamentar, na polícia e na CPI.
Ela e outros dois envolvidos no
processo que apura corrupção na
Administração Regional da Penha
negaram ontem, em depoimento à
Justiça, que tivessem conhecimento de que Viscome era o chefe da
rede de propina na regional.
Tânia, que também foi assessora
do vereador, Pedro Antonio Saul,
ex-regional da Penha, e Vladimir
Augusto Pereira, ex-oficial de gabinete da regional, disseram ter
delatado o vereador por terem sido
ameaçados pelos delegados.
Segundo eles, se não incriminassem Viscome, teriam suas prisões
preventivas decretadas. "Só ela
(Tânia) sabe o que passou na polícia, e temos como provar isso",
disse seu advogado, Gilberto Saad.
Segundo ele, Tânia estava se sentindo constrangida e ameaçada
mesmo no depoimento à CPI e em
entrevistas. "À CPI, ela foi acompanhada de um delegado. Você
acha que ela estava à vontade?"
Ele disse que Tânia resolveu mudar seu depoimento por estar na
frente de um juiz. "A um juiz, você
tem de dizer a verdade."
Tânia negou também que tivesse
recebido a propina entregue pelos
funcionários da regional e passado
a Viscome, como havia afirmado
antes.
Ela, Viscome e outros sete denunciados pelo Ministério Público
foram ouvidos ontem pelo juiz Rui
Porto Dias, da 8ª Vara Criminal, na
primeira audiência do processo
contra eles. No total, 16 pessoas foram denunciadas.
Durante seu depoimento, Viscome, que está suspenso do PPB,
chorou muito e negou todas as
acusações.
O delegado Naief Saad Neto, que
preside o inquérito sobre a corrupção na Regional da Penha, negou
que tenha coagido as testemunhas
a delatar Viscome. "Os depoimentos foram filmados e gravados.
Além disso, Tânia depôs na CPI e
deu várias entrevistas. Será que ela
também foi coagida pela Câmara
Municipal e pela mídia?", disse.
Para ele e para o delegado Romeu
Tuma Jr., que também colheu depoimentos de Tânia, isso é uma
"tendência". "Todos agora devem
começar a mudar o depoimento,
tentando abalar a credibilidade
das investigações", disse Tuma Jr.
Em entrevista à Folha, há duas
semanas, Tânia disse que manteria
tudo o que relatou à polícia. "Sou
uma mulher de uma palavra só.
Como é que ele (Viscome) não saberia? Só se eu roubasse um banco
por dia", disse. A conversa foi gravada pela reportagem.
O advogado de Vicente Viscome,
Ademar Gomes, estava eufórico
após o depoimento. "Hoje foi um
dia vitorioso", afirmava. Para ele,
com a mudança nos depoimentos,
não restam mais provas contra seu
cliente. "Quero ver agora como a
promotoria vai se virar."
Durante toda a tarde, Gomes fez
com que os advogados dos envolvidos dessem entrevistas, mas negou que os conhecesse antes dos
depoimentos e que o recuo nas
acusações tivesse sido preparado
em conjunto com eles.
Com exceção do ex-regional
Saul, que assumiu participação em
irregularidades ligadas à limpeza
pública, os demais envolvidos negaram todas as acusações.
Com os depoimentos de ontem,
Tânia, Saul e Pereira perderam a
chance do benefício da "delação
premiada", que havia sido oferecido pela polícia e pelo Ministério
Público em troca da confissão. Segundo o promotor Gilberto Garcia
Leme, eles poderiam obter a redução de um a dois terços da pena no
final do processo por terem colaborado com as investigações.
Colaborou
Silvia Correia, da Reportagem Local
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