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CÂMARA
Como a proposta é votar em bloco, itens polêmicos, como o Plano Diretor, emperram projetos que não despertam divergências
Tática do PT atrasa contratação de médicos
MELISSA DINIZ
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A área da saúde é uma das mais
atingidas pela tática adotada pela
liderança governista na Câmara
Municipal de votar todos os projetos em bloco.
Enquanto o Plano Diretor e a
criação das subprefeituras geram
um "racha" na base, que tem
maioria na Casa, outras propostas
urgentes, como a contratação de
médicos, ficam paradas, embora
não enfrentem resistências.
De acordo com José Mentor, líder do governo na Câmara, a estratégia é discutir todos os projetos para depois tentar aprová-los
de uma vez, em bloco. "O governo
está trabalhando vários projetos e
fazendo os ajustes necessários para depois votar todos", disse.
O secretário da Saúde do município, Eduardo Jorge, mandou
duas cartas à Câmara fazendo um
apelo para que sejam votados rapidamente três projetos.
O primeiro prevê a possibilidade de recontratação por um ano
de cerca de mil médicos, cujos
contratos emergenciais começaram a vencer em junho. Segundo
Jorge, 500 vagas já estão abertas.
Os demais vencem até agosto.
A proposta foi enviada à Câmara no fim de junho. Pelo trâmite
normal, teria de passar por algumas comissões antes de ir a votação. Mas, se o presidente da Casa,
José Eduardo Cardozo (PT), pedir, o projeto pode passar por um
congresso de comissões (todas as
comissões votam de uma só vez)
para ser apressado.
A proposta tem o apoio da oposição. "Há uma rebelião na base
governista que acabou com a
maioria que o PT tinha", disse
Gilberto Natalini (PSDB).
Entre junho e agosto do ano
passado 3.000 médicos foram
contratados emergencialmente. A
legislação municipal impede sua
recontratação por dois anos após
o término do contrato. Para a secretaria, será difícil encontrar rapidamente outros profissionais.
A secretaria iniciou em outubro
de 2001 um concurso para preencher as vagas. Quatro mil profissionais foram aprovados, mas só
2.000 aceitaram assumir os postos. A homologação de novos
concursados só poderá ocorrer
após o período eleitoral. "Não estou cobrando. Estou fazendo um
apelo. [O atraso da votação" está
prejudicando", disse Jorge. Segundo o vereador Carlos Neder
(PT), a demora pode provocar
um colapso na saúde.
Mentor disse que o projeto é
uma das prioridades, mas será votado no momento certo. "Não sou
líder da Secretaria da Saúde, sou
líder do governo."
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