São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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CÂMARA

Como a proposta é votar em bloco, itens polêmicos, como o Plano Diretor, emperram projetos que não despertam divergências

Tática do PT atrasa contratação de médicos

MELISSA DINIZ
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A área da saúde é uma das mais atingidas pela tática adotada pela liderança governista na Câmara Municipal de votar todos os projetos em bloco.
Enquanto o Plano Diretor e a criação das subprefeituras geram um "racha" na base, que tem maioria na Casa, outras propostas urgentes, como a contratação de médicos, ficam paradas, embora não enfrentem resistências.
De acordo com José Mentor, líder do governo na Câmara, a estratégia é discutir todos os projetos para depois tentar aprová-los de uma vez, em bloco. "O governo está trabalhando vários projetos e fazendo os ajustes necessários para depois votar todos", disse.
O secretário da Saúde do município, Eduardo Jorge, mandou duas cartas à Câmara fazendo um apelo para que sejam votados rapidamente três projetos.
O primeiro prevê a possibilidade de recontratação por um ano de cerca de mil médicos, cujos contratos emergenciais começaram a vencer em junho. Segundo Jorge, 500 vagas já estão abertas. Os demais vencem até agosto.
A proposta foi enviada à Câmara no fim de junho. Pelo trâmite normal, teria de passar por algumas comissões antes de ir a votação. Mas, se o presidente da Casa, José Eduardo Cardozo (PT), pedir, o projeto pode passar por um congresso de comissões (todas as comissões votam de uma só vez) para ser apressado.
A proposta tem o apoio da oposição. "Há uma rebelião na base governista que acabou com a maioria que o PT tinha", disse Gilberto Natalini (PSDB).
Entre junho e agosto do ano passado 3.000 médicos foram contratados emergencialmente. A legislação municipal impede sua recontratação por dois anos após o término do contrato. Para a secretaria, será difícil encontrar rapidamente outros profissionais.
A secretaria iniciou em outubro de 2001 um concurso para preencher as vagas. Quatro mil profissionais foram aprovados, mas só 2.000 aceitaram assumir os postos. A homologação de novos concursados só poderá ocorrer após o período eleitoral. "Não estou cobrando. Estou fazendo um apelo. [O atraso da votação" está prejudicando", disse Jorge. Segundo o vereador Carlos Neder (PT), a demora pode provocar um colapso na saúde.
Mentor disse que o projeto é uma das prioridades, mas será votado no momento certo. "Não sou líder da Secretaria da Saúde, sou líder do governo."



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