São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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EDUCAÇÃO

Provas corrigidas por professores serão comparadas às enviadas a fundação

Secretaria afirma que irá investigar possíveis fraudes

DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo determinou que supervisores de ensino e coordenadores do Saresp comparem os resultados da prova de redação -corrigida pelos professores- e da objetiva, analisada pela Fundação Carlos Chagas para verificar se "alguém mentiu na correção das provas de redação".
"Cabe à diretoria de ensino conferir cada redação e acompanhar as discrepâncias entre as notas da redação e da prova objetiva", diz Sônia Maria Silva, coordenadora de estudos e normas pedagógicas da secretaria.
Silva afirma que a medida não tem como objetivo punir os professores, mas ensiná-los o "exercício da cultura avaliativa". "Não pode ter divergência entre a prova objetiva e a redação. Uma pessoa que foi mediana na objetiva certamente será mediana na redação", disse.
O interesse da secretaria nessa busca ativa de possíveis fraudes, afirma a coordenadora, é identificar os casos e encaminhar os alunos com dificuldade de aprendizagem para um projeto de reforço escolar. "Se houver uma maquiagem de dados e os alunos não fizerem o reforço, a diretoria [de ensino] é que vai responder por isso."
A coordenadora afirma que todos os professores e assistentes técnicos pedagógicos de língua portuguesa passaram por capacitação antes da correção das provas e que houve uma recomendação para que os professores fossem trocados de classe.
"Mas não impusemos nada. A escola tem que aprender a se organizar. O sistema não pode ser determinador e tem que induzir a comunidade escolar a amadurecer", disse Silva.

Critérios de correção
De acordo com a coordenadora, houve orientação sobre os critérios de correção a ser seguidos, que levaram em conta a proposta da redação (tema, assunto), o atendimento à estrutura padrão do texto (narrativo ou dissertativo) e a coerência e a coesão do texto, além de organização gráfica, pontuação, ortografia, adequação às regras gramaticais, e linguagem apropriada.
Para a educadora Elvira Souza Lima, esses critérios são subjetivos e podem ser interpretados de maneiras diferentes por cada um dos professores que corrigiram as provas.
"Se aconteceu de algum professor ter maquiado essa correção, isso pode ter acontecido porque um ou outro não seguiu as orientações", diz Silva.
A coordenadora afirma que, durante a correção das provas, as diretorias de ensino fizeram, em paralelo, uma correção por amostragem. Silva informa que não tem os dados consolidados dos resultados dessa rechecagem.


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