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Sargento diz que tráfico dá R$ 10 mil por sua "cabeça"
Em depoimento, ele disse que outros militares acusados de entregar jovens da Providência ao tráfico também estão sob ameaça
A procuradora da República Patrícia Nuñez afirmou que tomará todas as medidas para evitar riscos aos acusados e às suas famílias
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O sargento do Exército Renato Alves afirmou em depoimento à Justiça Federal que ele e
outros militares envolvidos na
morte dos três rapazes do morro da Providência estão ameaçados de morte por traficantes
do Comando Vermelho. De
acordo com Alves, o tráfico está
oferecendo R$ 10 mil pela "cabeça" de cada um.
"Um sargento do batalhão
me falou ainda há pouco que
um militar morador da Providência disse que queriam saber
onde moram os três sargentos e
o oficial e que as vidas dos familiares deles estão em risco. A
nossa cabeça vale R$ 10 mil para o Comando Vermelho. O tenente da Polícia do Exército
que me escoltou ouviu", disse o
sargento, no interrogatório.
A afirmação foi feita após o
juiz Marcelo Granado, da 7ª Vara Criminal Federal, ter questionado as versões contraditórias dele e de outros depoentes.
Ele explicou que estava nervoso por causa da conversa que tivera minutos antes.
"Estou preso há 18 dias. Minha família está lá fora. Um rapaz procurou saber sobre os
militares envolvidos. Me mandaram apagar fotos do Orkut.
Nossa cabeça está valendo
R$ 10 mil", disse.
Ao fim do depoimento, afirmou que o tenente Vinícius
Ghidetti de Moraes Andrade,
acusado de ter entregue os jovens aos traficantes de um
morro rival, também relatou,
no quartel onde estão presos,
que "seis rapazes estiveram
atrás da família dele no local
onde morava".
A procuradora da República
Patrícia Nuñez afirmou que tomará as medidas necessárias
para evitar ameaças às famílias
e aos acusados. "O que estiver
ao nosso alcance para prevenir
esse tipo de ato, será feito."
O sargento Alves afirmou
que chegou até a pensar em dar
voz de prisão ao tenente Ghidetti ao ver os traficantes armados agredindo um dos rapazes.
De acordo com ele, no momento imaginou que a conseqüência poderia ser um tiroteio, expondo a tropa.
Para o Ministério Público
Federal, existe "uma hierarquia de culpa". "Percebemos
que tem um ordenante, tem
aquele que negociou com os
traficantes, os que serviram de
escolta para os rapazes serem
entregues aos traficantes e tem
aqueles que ficaram na guarda.
Não queremos a impunidade,
mas uma punição adequada ao
que cada um fez", afirmou Patrícia Nuñez.
Chuva cancela operação
A primeira tentativa da polícia do Rio para prender os traficantes do morro da Mineira
apontados como assassinos dos
três jovens da Providência teve
que ser cancelada por causa da
forte chuva que atingiu a cidade. Os helicópteros que fariam
apoio aéreo à operação não puderam decolar, informou o delegado titular da Delegacia de
Roubos e Furtos de Automóveis, Ronaldo de Oliveira, que
comandaria a ação.
Colaborou a Folha Online no Rio
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