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Ponto turístico do Rio, que era amarelo, muda de cor e causa revolta; pintura é embargada
Fiéis rejeitam igreja da Penha branca
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Um dos pontos turísticos mais
conhecidos do Rio, frequentado
por romeiros de vários países, a
igreja da Penha virou palco de
uma briga entre católicos desde
que começou a ser pintada de
branco para a visita do papa João
Paulo 2º.
Com sua tradicional cor amarela, no topo de um penhasco na
Penha (zona norte), a igreja é um
bem tombado e se tornou famosa pela romaria de fiéis que sobem de joelhos seus 365 degraus.
Há dois meses, a Venerável Irmandade de N.S. da Penha de
França, que administra a igreja,
decidiu repintá-la de branco,
com detalhes azuis, com a intenção de realçar o imóvel.
O problema é que a irmandade
não consultou o Departamento
Geral do Patrimônio Cultural do
município -que precisa autorizar reformas em bens tombados- e bateu de frente com moradores mais tradicionalistas.
Inconformadas com o início da
pintura, as direções da Amcrip
(Associação de Moradores do
Conjunto Residencial do Iapi da
Penha) e do clube Centro Cívico
Leopoldinense se mobilizaram
contra a alteração da cor.
"Acho um absurdo. Isso é uma
tradição", disse a diretora do Departamento Feminino do Clube,
Maria Helena Conceição, 55. A
história da igreja começa em
1635, quando um fazendeiro da
região construiu uma capela no
alto do penhasco, para pagar
uma promessa. A capela foi sendo reformada e, em 1870, deu lugar à igreja da Penha.
Para o padre Serafim Sousa
Fernandes e o secretário-executivo da irmandade, Itamar Bastos, 70, a cor branca daria mais
destaque à igreja, principalmente à noite, quando é iluminada.
Por outro lado, a nova pintura
serviria para renovar a fachada.
"Se o papa chegar aqui e encontrar a igreja caindo aos pedaços
não vai ser uma tristeza?", questiona Bastos. Fiéis têm esperança
de que o papa visite a igreja.
Apesar de gostar mais da cor
branca, o subprefeito da zona da
Leopoldina, Ícaro Moreno Júnior, 42, comunicou a denúncia
da Amcrip ao departamento do
patrimônio, que embargou a nova pintura.
A direção do departamento informou apenas que está analisando a questão. A Arquidiocese
do Rio não quis se pronunciar
sobre a polêmica, pois o cardeal-arcebispo Eugenio Sales está viajando. Bastos disse que "a
única coisa que faltou" foi consultar o patrimônio. Pinto afirmou que a Amcrip vai entrar na
Justiça se for autorizada a mudança da cor da igreja.
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