São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2001

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Falta rigor científico, diz especialista

DA REPORTAGEM LOCAL

Os levantamentos brasileiros de genealogia não têm nenhum rigor científico e, portanto, não são confiáveis, diz Gilson Nazareth, doutor em comunicação e cultura brasileira.
A maior parte desses trabalhos, afirma, atende apenas ao ego de quem necessita examinar o passado para se valorizar.
Segundo ele, no Brasil os livros de genealogia são mais consultados nos momentos de enriquecimento ou de empobrecimento de segmentos da sociedade.
Nazareth afirma que, nessas circunstâncias, os novos ricos procuram os estudos das famílias para tentar provar aos seus novos pares que não são tão diferentes como parecem ser, e os novos pobres para demonstrar que não são iguais aos seus vizinhos.
Para ele, a genealogia não tem importância para a vida do indivíduo, porque "não é a origem do sangue que faz a pessoa", mas sim o ambiente em que vive, o seu empenho e esforço.
Ele cita Portugal como exemplo de país onde a genealogia tem serventia, porque é utilizada, por exemplo, para estudar a fixação das famílias na terra.
Sobre o dicionário de Carlos Eduardo Barata e Antônio Henrique da Cunha, Nazareth diz que se trata de uma coleta importante de dados sobre a formação das famílias brasileiras, ainda que os sobrenomes que ali estão não tenham sido checados por causa de sua grande quantidade.
"Quanto mais geral é o levantamento de informação, menos exato ele é", diz. "Mas levar ao pé da letra um dicionário é burrice."

Adultério
Independentemente da inexatidão do levantamento de informações, Sérgio Danilo Pena, pesquisador geneticista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que, numa estimativa conservadora, de 5% a 10% dos filhos dos casais são gerados por meio do adultério, sem que o chefe da família fique sabendo disso.
Pena diz que tal comportamento não só ocorre no Brasil, como na maior parte dos países.
De acordo com o geneticista, hoje em dia a realização de exame de DNA comprova, sem margem de erro, os casais que se enquadram nessa situação. (PRL)


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