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SEGURANÇA
Orçamento de R$ 260 milhões durou apenas até o mês de julho; Ministério da Justiça negocia crédito suplementar
Polícia Federal já gastou a verba de 2003
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O orçamento da PF (Polícia Federal) estourou. Os últimos R$ 35
milhões -de um total de R$ 260
milhões- destinados ao órgão
para este ano foram sacados há
duas semanas e sanearam as dívidas acumuladas até junho. Em julho, as contas ainda fecham. Mas,
de agosto em diante, não há dinheiro para pagar as despesas de
custeio: luz, água, aluguel, combustível, telefone, viagens.
O Ministério da Justiça, na estrutura do qual está a PF, negocia
um crédito suplementar de R$ 115
milhões desde abril. Mas ainda
não há prazo para a liberação do
dinheiro, nem a certeza de que será conseguido.
Duas regionais da PF foram notificadas pela Justiça para pagarem aluguéis atrasados sob pena
de sofrerem ações de despejo; durante 15 dias, os laudos periciais
coloridos não foram impressos
por falta de cartucho.
"O resultado disso é que a polícia deixa de produzir e a impunidade aumenta", disse Roosevelt
Leadebal Júnior, presidente da
APCF (Associação Nacional dos
Peritos Criminais Federais).
O aperto deve aumentar ainda
mais quando começar a funcionar a nova estrutura da sede, em
Brasília, e das 27 regionais, dentro
de 15 dias. Pelo novo desenho, a
prioridade é o combate ao crime
organizado, que ganhou uma diretoria específica, na qual estão
incluídas ações de repressão à lavagem de dinheiro, tráfico de armas, crimes contra o patrimônio
-a exemplo do roubo de carga-, financeiros e relacionados a
entorpecentes.
Para viabilizar a nova estrutura
dentro do orçamento e com a
mesma quantidade de policiais e
funcionários administrativos, a
Polícia Federal fez mudanças nos
níveis salariais: houve corte de 450
funções gratificadas em atividades de apoio, como controle de
material, cartórios e transporte;
os cargos comissionados de nível
quatro (numa escala até seis) foram reduzidos de 16 para 11, enquanto os de nível três passaram
de 35 para seis.
As mudanças foram propostas
diante da decisão do governo de
cortar 10% de todos os cargos comissionados. O propósito era colocar recursos à disposição para
suprir a estrutura dos novos órgãos criados, a começar das sete
secretarias especiais e ministérios.
Para manter o superávit, o governo contingenciou R$ 100 milhões do orçamento da PF para
2003. Ficaram presos recursos
dos projetos Pró-Amazônia: um
financiamento de US$ 425 milhões dos governos francês e alemão para modernização e aparelhamento da polícia na região da
Amazônia Legal.
Resultado: dos R$ 85 milhões
que deveriam ser liberados para o
projeto neste ano, apenas R$ 1,8
milhão foi liberado.
No primeiro semestre, não houve compra de nenhum equipamento novo, apenas o pagamento
de parcelas do que foi adquirido
no ano passado -helicópteros,
carros blindados, sistema de identificação, entre outros.
Para manter o superávit, o dinheiro do Pró-Amazônia fica nos
cofres do governo, que paga juros
e comissão, apesar de não investir
os recursos. O financiamento, fechado em 2000, deveria ocorrer
ao longo de seis anos, a uma média de R$ 55 milhões em investimentos anuais. Até agora, foram
liberados 18% dos recursos.
Paralelamente ao arrocho deste
ano, a PF já entrou na briga do orçamento para 2004. O governo fixou como limite o repasse de R$
331 milhões. O órgão pretende
conseguir mais R$ 250 milhões.
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