São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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SAÚDE PRIVADA

Empresas, que sofrem protestos em 19 Estados, oferecem "bandeira branca" para evitar expansão do movimento

Planos tentam acordo para esfriar boicote

DA REPORTAGEM LOCAL

As entidades que reúnem operadoras de planos de saúde propuseram, na última sexta-feira, um acordo que poderá arrefecer o boicote dos médicos contra as empresas do setor que ocorre em várias cidades do país.
Em locais como a capital paulista, em que as operadoras de planos ainda não são alvo do movimento, na prática a "bandeira branca" das empresas poderá evitar o protesto. Em São Paulo, as seguradoras de saúde Bradesco, SulAmérica, Porto Seguro, Unibanco AIG, Marítima, Notre Dame, Itaúseg e AGF Brasil são alvo.
A diferença entre seguros de saúde e planos de saúde é que, no caso dos primeiros, é prevista por lei a possibilidade de reembolso -o cliente utiliza qualquer médico e busca a devolução na empresa. A maioria dos brasileiros atendidos pela saúde suplementar -mais de 38 milhões de pessoas- tem planos de saúde.
O boicote a planos e seguros já atinge 19 Estados, e as entidades médicas preferem mirar nas seguradoras pela possibilidade de o cliente poder ser reembolsado.
No boicote, os médicos referenciados pelas seguradoras -que estão nos catálogos-, em vez de receber da empresa, cobram do cliente, que busca a devolução.
Os médicos querem que as empresas sigam os valores para procedimentos definidos pela categoria, e não tabelas próprias. Defendem R$ 42 para a consulta.
Segundo texto divulgado no fim da tarde de ontem pela Associação Paulista de Medicina, a Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo) e o Sinamge (Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo) querem fazer uma recomendação a todos os seus associados para que os valores de remuneração aos médicos sejam acordados mediante negociações regionais.
"É possível um arrefecimento quanto a esse grupo de empresas", diz Clóvis Constantino, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
As entidades médicas que lideram o boicote a oito seguradoras de saúde na capital paulista anunciaram ontem a adesão de 45 clínicas e consultórios de ortopedia ao movimento -a especialidade conta com mais de cem estabelecimentos no município.
O movimento não forneceu os nomes das clínicas. Uma das duas únicas indicadas ontem pela comissão como participante do boicote, no entanto, informou que reavaliará a adesão hoje por temer estar sozinha no movimento.
Um dos donos da clínica ortopédica Cidade Jardim informou que seus funcionários ligaram para outras clínicas e notaram que não estava havendo adesão. Pelo menos dez foram consultadas.
O movimento informou não ter divulgado o nome dos estabelecimentos por temer retaliações. "A reunião [que decidiu pela adesão de 45 estabelecimentos] foi anteontem à noite", diz o ex-presidente da Sociedade Paulista de Ortopedia Akira Ishida, que coordenou o encontro. Ele afirma que o boicote está começando.


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