São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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Moradores de São Carlos acusam PMs de agressão e ameaças

Ouvidoria das policias e Corregedoria da Polícia Militar abriram investigações

ROBERTO MADUREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO


A Ouvidoria das polícias de São Paulo e a Corregedoria da Polícia Militar abriram investigação para apurar acusações de abuso de autoridade e maus-tratos a moradores de São Carlos (231 km de São Paulo).
A decisão aconteceu após cerca de 200 moradores de bairros da periferia terem participado de uma audiência convocada pela Ouvidoria na Câmara Municipal para discutir a violência policial, no dia 24 do mês passado.
Segundo a Ouvidoria, moradores de cinco bairros relataram clima de tensão com a PM.
Ontem, a Folha esteve no Jardim Gonzaga, um dos bairros, e ouviu mais de dez famílias relatarem casos de parentes que foram espancados ou sofreram abusos desde junho.
Durante as entrevistas, realizadas por cerca de uma hora no estabelecimento comercial da mãe de uma das supostas vítimas, três carros da polícia passaram, em velocidade baixa, por dez vezes.

Ameaças
Os moradores afirmam que, após a audiência na Câmara, policiais visitaram os bairros e ameaçaram algumas famílias.
"Só de ficar aqui já estou com medo. Eles vêm atrás mesmo", afirmou a mãe de um menino que relatou ter sido agredido e estrangulado por policiais após jogar pedras em uma vidraça.
A audiência foi convocada após uma denúncia da vereadora Silvana Donatti (PT) sobre o comportamento estranho de alguns policiais militares numa operação.
De acordo com suas informações, três homens foram presos aparentemente sem motivos, mas, em vez de serem levados à delegacia de Itirapina (211 km de São Paulo), o carro da PM com os prisioneiros entrou numa vicinal e depois no mato.
A vereadora seguiu o carro. "Quando cheguei e me apresentei, eles já estavam fortemente armados e do lado de fora do carro", disse.
Segundo Donatti, após sua intervenção, os homens foram levados à delegacia, que estava fechada.

Drogas
"Eles [PMs] usaram drogas o caminho inteiro. Não falaram nada, mas achei que fosse o fim", afirmou um dos homens -solto depois, sem nenhuma acusação formal.
O ouvidor Júlio César Neves disse ter saído da audiência estarrecido.
"Há um ambiente tenso entre a sociedade e a polícia em São Carlos. É uma preocupação para a Ouvidoria. Nós temos um trabalho afinado com a Corregedoria da PM. O objetivo é melhorar a qualidade do policiamento e que os policiais não cometam excesso", declarou Neves.


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