São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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Vigilância de Minas interdita distribuidora

de Belo Horizonte

RANIER BRAGON
free-lance para a Agência Folha, em Belo Horizonte

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A distribuidora de medicamentos Centro Cirúrgico foi interditada ontem por fiscais da Vigilância Sanitária de Minas Gerais, que lacraram o depósito da empresa, na zona oeste de Belo Horizonte.
Desde ontem, a empresa não pode comercializar medicamentos e seus atuais donos têm 15 dias para apresentar sua defesa em processo administrativo que pode levar até à cassação de seu registro.
O dono da distribuidora Ação -principal envolvida nas denúncias do escândalo dos medicamentos falsos e interditada no último dia 13- José Celso Machado de Castro, 36, era um dos sócios da Centro Cirúrgico até 13 dias atrás. Um dos sócios, Geraldo Cláudio de Souza, estava na sede da empresa, mas não falou à imprensa.
Foram três os motivos da interdição. A Vigilância encontrou notas fiscais que indicavam a venda do psicotrópico Rivotril e outros medicamentos uma clínica de Assunção (Paraguai). A Centro Cirúrgico tinha autorização para vender apenas no Brasil.
O segundo motivo foi que a Centro Cirúrgico vendia psicotrópicos (tranquilizantes) e entorpecentes pelo correios, incluindo o derivado de morfina, Dimorf. A prática é ilegal, segundo a portaria 344
Por último, a empresa vendeu medicamentos para uma distribuidora clandestina de Belo Horizonte, a Vithel. Essa empresa não tem alvará de funcionamento da Vigilância e também deve ser interditada nos próximos dias.
Além do fechamento, foi cancelado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais a assinatura do contrato de fornecimento pela empresa. O motivo alegado foi a interdição da distribuidora.
A Centro Cirúrgico ganhou licitação, concluída em 10 de julho, onde habilitou-se a vender à Fhemig 301 mil ampolas e frascos de medicamentos, no valor de R$ 338 mil. Os medicamentos iriam para oito hospitais públicos do Estado.
O superintendente da Fhemig, Guilherme Riccio, disse anteontem que não havia motivos para cancelar a licitação e que a Centro Cirúrgico tinha apresentado toda a documentação necessária na época da licitação.
Questionado pela Agência Folha sobre a alteração contratual que não registrava a Centro Cirúrgico na Junta Comercial mineira como distribuidora de medicamentos, ele disse que iria apurar a informação, que chamou de "fato novo''.
O superintendente da Vigilância Sanitária de Minas Gerais, Júlio César Siqueira, disse que não ficou sabendo das declarações do ministro da Saúde, José Serra, que anteontem afirmou ser um "absurdo'' o fato de a Centro Cirúrgico ainda estar funcionando.



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