São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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CRISE NA PF
Suspeito alegou não ter participado de assassinato de corregedor; depoimento teria sido baseado em versão de preso
Acusado se nega a fazer reconstituição

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

A PF (Polícia Federal) realizou ontem de manhã, em São Paulo, a segunda reconstituição do assassinato do delegado-corregedor do departamento paulista, Alcioni Serafim de Santana, sem a participação de um dos acusados do crime, Carlos Alberto da Silva Gomes, 39, o "Carlinhos", que alegou, no local, não ter participado do homicídio do policial.
Foi a primeira vez que a operação contou com a participação de um dos suspeitos de cometer o crime: Gildásio Teixeira Roma, 26, chorou compulsivamente antes do início da reconstituição, que demorou uma hora.
Os policiais federais, acompanhados de delegados e peritos do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), chegaram às 9h40 ao local da reconstituição: a rua Chico Herrera, na Vila Mazzei (zona norte de São Paulo), em frente à casa do delegado-corregedor, onde, no dia 27 de maio, ele foi assassinado quando chegava com a mulher.
Os dois acusados tinham sido retirados do carro da Polícia Federal quando Carlinhos disse que não participaria da reconstituição.
"Ele nunca esteve nesse local e não participou do crime", disse o advogado Ricardo Rene Ribeiro, que defende os dois suspeitos.
Segundo o advogado, Carlinhos só contou em seu depoimento à Polícia Federal como havia sido o crime porque o outro suspeito, Gildásio Roma, teria lhe dito, em detalhes, como havia matado a vítima. Segundo a PF, os dois não sabiam que o homem morto se tratava de um delegado.
"Gildásio contou o crime para Carlinhos no dia do ocorrido, depois que o noticiário da televisão informou que a pessoa morta era um delegado da PF", afirmou o advogado.
Ribeiro sustentou que o outro homem que teria participado do crime com Gildásio seria o sargento da Polícia Militar Sérgio Bueno, 38, ainda procurado pela PF. De acordo com o advogado, Bueno estaria com capuz no dia do crime.
Segundo o delegado da PF José Pinto de Luna, os dois acusados haviam confessado que dispararam contra o delegado. O depoimento teria sido gravado em fita cassete e vídeo. A polícia disse que a reconstituição confirmou os depoimentos dos dois suspeitos.
Gildásio apontou ainda o local próximo à ponte da Vila Maria onde as armas usadas no crime teriam sido jogadas.
Luna afirmou que há indícios de que os dois acusados teriam participado de um outro homicídio em São Paulo -cerca de um mês depois da morte do delegado.
Na época do crime, Alcioni Santana investigava suspeitas de envolvimento de policiais federais em atividades criminosas (extorsão de advogados e comerciantes).



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