SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Um tenente do Exército e um sargento da Aeronáutica participam na Polícia Militar do Rio, na condição de alunos, de curso que se propõe a ensinar, entre outras atividades, técnicas de guerrilha e de sabotagem.
O COEsp/98 (Curso de Operações Especiais) é ministrado pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais), a tropa de elite da PM fluminense. É a primeira vez que o Ministério do Exército matricula um de seus homens no curso anual do Bope.
O oficial escolhido foi o primeiro-tenente de infantaria Guilherme Lima Torres Sangineto, da PE (Polícia do Exército). Sangineto e o terceiro-sargento Aílton Quirino da Silva, do SGS (Serviço de Guarda e Segurança) da FAB (Força Aérea Brasileira), são os únicos militares das Forças Armadas entre os 24 matriculados no curso.
Os demais alunos são oficiais e praças das PMs de SP, RJ, Distrito Federal, PE, PA, AL e AC.
Do currículo do curso consta a cadeira "Sabotagem e Contra-Sabotagem", cujos instrutores são o major Edmilson de Abreu e o capitão Rodrigo Rodrigues Pimentel, ambos do Bope.
A cadeira "Guerrilha e Contraguerrilha" também faz parte do currículo. O instrutor é o major Mário Sérgio de Brito Duarte, do 7º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em São Gonçalo (RJ).
O curso dura 16 semanas, começando em julho. Criado em 1978, é considerado modelar entre as instituições policiais brasileiras.
O comandante do Bope, major José Oliveira Penteado, disse ontem que o COEsp/98 prioriza as atividades práticas. "Os alunos têm aulas teóricas, mas o curso oferece mais a parte prática", afirmou. Segundo Penteado, ao final do curso, os alunos terão aprendido a realizar combates na cidade e no campo.
"Treinamos muito a ação em favelas. Fazemos patrulhas urbanas e rurais que são quase uma operação de contraguerrilha. Isso é o que estamos vivendo no Rio, com o poderio dos traficantes nas favelas", disse o comandante.
Os 24 alunos passam esta semana em Itatiaia (a 190 km do Rio), participando de aulas de montanhismo, técnicas de sobrevivência, camuflagem e combates, entre outras atividades. As últimas duas semanas foram passadas na região de Ribeirão das Lajes (a 100 km do Rio), onde os alunos também tiveram aulas práticas.
Penteado defendeu a presença de militares das Forças Armadas entre os alunos do COEsp. "Nossos cursos são voltados à segurança pública. Os das Forças Armadas são direcionados para a guerra. São situações completamente diferentes."



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