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Governo não tem data para reforma das marginais
Falta de verbas atrasa conclusão das obras, e asfalto das pistas continua com buracos
Secretaria dos Transportes já gastou R$ 26 milhões a mais que o previsto inicialmente no Orçamento do Estado para 2006
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado não sabe quando vai concluir a obra
de recapeamento das marginais Pinheiros e Tietê, duas das
principais vias de São Paulo,
cuja segunda fase deveria ter
começado em agosto. Não há
dinheiro disponível para a reforma, de R$ 79,253 milhões.
Os nove lotes já foram licitados pela Secretaria de Estado
dos Transportes, mas a ordem
de serviço para o início do recapeamento depende de acertos
com as secretarias da Fazenda
e do Planejamento, o que ainda
não aconteceu. Será preciso remanejar verbas do Estado para
cobrir os custos da reforma.
Pelos dois corredores, de
acordo com a prefeitura, circulam em média, por dia, cerca de
1,1 milhão de veículos, sendo
700 mil na marginal Tietê. Do
total, 165 mil são caminhões. As
pistas sofrem com as ondulações e os sucessivos tapa-buracos. Por isso, a obra prevê a raspagem do pavimento.
Já foi realizado um investimento de R$ 29,75 milhões no
recapeamento de 15,2 km, mas
restam outros 32 km para concluir o serviço, de acordo com a
Secretaria dos Transportes.
Em 4 de abril, o governador
Cláudio Lembo e o prefeito Gilberto Kassab, ambos do PFL,
anunciaram o início da obra,
mas mas só foram feitos os 15,2
km, apesar do anúncio de que a
obra seria concluída.
Na marginal Tietê, foram reformados os dois sentidos, entre o Cebolão e a ponte Ulisses
Guimarães. Na Pinheiros, a
obra ocorreu nos trechos entre
as pontes República da Armênia e Cidade Universitária (no
sentido zona sul-zona norte).
No lado oposto, entre as pontes
Engenheiro Ary Torres e Cidade Universitária.
A Folha percorreu ontem
27,5 km da marginal Tietê. A
diferença entre os trechos já
reformados e os demais é gritante. Nos primeiros, a pista está lisa e com sinalização de solo
nova. Nos outros, a pista está
toda ondulada, com asfalto soltando e pelo menos seis buracos, apesar do serviço recente
de tapa-buracos e de não ser
época de chuvas, período mais
crítico para o pavimento.
Ao passar sob a ponte das
Bandeiras no sentido Guarulhos, há grande diferença entre
os níveis da pista -é nesse ponto que o recapeamento acaba.
A Secretaria dos Transportes
já preparou, inclusive, uma
campanha publicitária para
alertar o motorista sobre os
transtornos provocados pela
obra, prevista para durar três
meses. São 4 milhões de panfletos e dezenas de faixas.
Além do governo, a Prefeitura de São Paulo vinha elaborando campanha semelhante.
""Estamos conversando com
as outras secretarias, mas o dinheiro extra ainda não saiu.
Como estamos chegando ao final do governo, há ainda uma
preocupação em cumprir a
LRF [Lei de Responsabilidade
Fiscal]", afirmou o secretário
dos Transportes, Dario Rais.
Dados do sistema de acompanhamento do Orçamento do
Estado atestam a dificuldade
da secretaria, que já gastou
mais do que o previsto em
obras neste ano.
O valor para investimento
em obras já comprometido
chega a R$ 659 milhões, para
uma previsão inicial de R$ 633
milhões. Ou seja, já foram empenhados R$ 26 milhões a mais
do que o previsto -cerca de um
terço do valor orçado para o recapeamento das marginais.
Porém, até julho, segundo a
liderança do PT na Assembléia
Legislativa, o governo havia arrecadado R$ 850 milhões a
mais do que o previsto.
Procurada para comentar a
indefinição, a secretaria da Fazenda não se manifestou. A do
Planejamento disse que o caso
ainda está sendo avaliado.
As secretarias não se manifestaram sobre a possibilidade
de a obra ficar somente para o
ano de 2007.
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