São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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Governo não tem data para reforma das marginais

Falta de verbas atrasa conclusão das obras, e asfalto das pistas continua com buracos

Secretaria dos Transportes já gastou R$ 26 milhões a mais que o previsto inicialmente no Orçamento do Estado para 2006

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado não sabe quando vai concluir a obra de recapeamento das marginais Pinheiros e Tietê, duas das principais vias de São Paulo, cuja segunda fase deveria ter começado em agosto. Não há dinheiro disponível para a reforma, de R$ 79,253 milhões.
Os nove lotes já foram licitados pela Secretaria de Estado dos Transportes, mas a ordem de serviço para o início do recapeamento depende de acertos com as secretarias da Fazenda e do Planejamento, o que ainda não aconteceu. Será preciso remanejar verbas do Estado para cobrir os custos da reforma.
Pelos dois corredores, de acordo com a prefeitura, circulam em média, por dia, cerca de 1,1 milhão de veículos, sendo 700 mil na marginal Tietê. Do total, 165 mil são caminhões. As pistas sofrem com as ondulações e os sucessivos tapa-buracos. Por isso, a obra prevê a raspagem do pavimento.
Já foi realizado um investimento de R$ 29,75 milhões no recapeamento de 15,2 km, mas restam outros 32 km para concluir o serviço, de acordo com a Secretaria dos Transportes.
Em 4 de abril, o governador Cláudio Lembo e o prefeito Gilberto Kassab, ambos do PFL, anunciaram o início da obra, mas mas só foram feitos os 15,2 km, apesar do anúncio de que a obra seria concluída.
Na marginal Tietê, foram reformados os dois sentidos, entre o Cebolão e a ponte Ulisses Guimarães. Na Pinheiros, a obra ocorreu nos trechos entre as pontes República da Armênia e Cidade Universitária (no sentido zona sul-zona norte). No lado oposto, entre as pontes Engenheiro Ary Torres e Cidade Universitária.
A Folha percorreu ontem 27,5 km da marginal Tietê. A diferença entre os trechos já reformados e os demais é gritante. Nos primeiros, a pista está lisa e com sinalização de solo nova. Nos outros, a pista está toda ondulada, com asfalto soltando e pelo menos seis buracos, apesar do serviço recente de tapa-buracos e de não ser época de chuvas, período mais crítico para o pavimento.
Ao passar sob a ponte das Bandeiras no sentido Guarulhos, há grande diferença entre os níveis da pista -é nesse ponto que o recapeamento acaba.
A Secretaria dos Transportes já preparou, inclusive, uma campanha publicitária para alertar o motorista sobre os transtornos provocados pela obra, prevista para durar três meses. São 4 milhões de panfletos e dezenas de faixas.
Além do governo, a Prefeitura de São Paulo vinha elaborando campanha semelhante.
""Estamos conversando com as outras secretarias, mas o dinheiro extra ainda não saiu. Como estamos chegando ao final do governo, há ainda uma preocupação em cumprir a LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal]", afirmou o secretário dos Transportes, Dario Rais.
Dados do sistema de acompanhamento do Orçamento do Estado atestam a dificuldade da secretaria, que já gastou mais do que o previsto em obras neste ano.
O valor para investimento em obras já comprometido chega a R$ 659 milhões, para uma previsão inicial de R$ 633 milhões. Ou seja, já foram empenhados R$ 26 milhões a mais do que o previsto -cerca de um terço do valor orçado para o recapeamento das marginais.
Porém, até julho, segundo a liderança do PT na Assembléia Legislativa, o governo havia arrecadado R$ 850 milhões a mais do que o previsto.
Procurada para comentar a indefinição, a secretaria da Fazenda não se manifestou. A do Planejamento disse que o caso ainda está sendo avaliado.
As secretarias não se manifestaram sobre a possibilidade de a obra ficar somente para o ano de 2007.


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