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GREVE NAS FEDERAIS
Decisão do STF impede o repasse de verba para pagamento dos professores antes determinado pelo STJ
Suspensa liminar que garantia salários
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu ontem a liminar
concedida pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) na segunda, que
determinava o repasse das verbas
para o pagamento dos salários de
setembro dos professores.
O recurso do governo contra a
liminar obtida pelos servidores
federais ainda não foi julgado.
A decisão do ministro Ilmar
Galvão leva em consideração a
falta de lei que regulamente o direito de greve dos servidores públicos federais, concedido pela
Constituição. "A falta deles ao trabalho, por esse motivo, não pode
ser abonada", decidiu Galvão.
"Prevaleceu uma leitura pró-governo. Vamos acionar as Justiças Federais dos Estados para garantir nossos direitos", disse Roberto Leher, presidente da Andes
(Sindicato dos Docentes do Ensino Superior).
Os professores quase garantiram seus salários ontem. Conseguiram um despacho do ministro
Gilson Dipp, do STJ, que dava um
prazo de 24 horas para Paulo Renato Souza (ministro da Educação) provar que repassou aos reitores as verbas salariais. Mas o pedido de suspensão dessa decisão,
apresentado anteontem pela Advocacia Geral da União ao STF,
ganhou força com o parecer favorável do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
Segundo ele, o direito de greve
de servidor público é competência da União, que já considerou
tais paralisações ilegais, devido à
falta de lei que regulamente o assunto. "A autonomia universitária não significa independência
em relação à administração pública", expôs Brindeiro.
Esse tem sido o argumento de
Paulo Renato para reter os salários, decisão que foi anunciada
em reunião de reitores em Brasília
na quinta passada.
Pagamento parcial
Em reunião ontem, os reitores
das universidades federais decidiram repassar os salários relativos
aos serviços essenciais. Ainda assim, alguns reitores apontaram
dificuldades: há trabalhadores
que se recusam a receber o salário, alguns funcionários que administram as folhas de pagamento estão em greve e outros se recusam a informar quem trabalhou.
A Fasubra, sindicato dos servidores das universidades, e a Sinasefe, sindicato dos servidores das
escolas técnicas, pediram ontem
na Justiça o cumprimento das liminares já obtidas nesta semana
que garantem o pagamento dos
salários dos grevistas. O recurso
do governo contra a Fasubra ainda não foi julgado.
Também para o presidente da
Andifes (Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Carlos
Roberto Antunes, o pagamento
dos servidores dos hospitais universitários, liberado ontem pelo
Ministério da Educação, deve enfrentar uma série de problemas
para ser feito.
Segundo ele, os bancos que fazem os pagamentos não têm um
arquivo exclusivo dos servidores
dos hospitais, mas um arquivo geral de todos os funcionários. "Isso
certamente vai provocar atrasos."
Para Leher, o pagamento parcial de salários é uma "provocação" de Paulo Renato. "Está desmoronando o esquema político
que ele montou com tanto empenho", disse, lembrando a manifestação de anteontem, que reuniu milhares de pessoas.
Colaborou a Agência Folha
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