São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2001 |
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GREVE NAS FEDERAIS Outros hospitais universitários reduzem atividade e pagam refeições para manter o mínimo de profissionais HC de Curitiba cancela os atendimentos
DA AGÊNCIA FOLHA DA SUCURSAL DO RIO A greve das universidades federais está levando ao caos o atendimento nos hospitais universitários ligados às instituições. Além da redução no atendimento ambulatorial e cirúrgico, diretores estão sendo obrigados a pagar transporte e refeições para manter o mínimo de profissionais. A situação mais grave ocorreu ontem, quando o Hospital de Clínicas de Curitiba -maior unidade de saúde pública do Paraná- cancelou os cerca de 2.000 atendimentos por dia. Apenas os 340 pacientes já internados continuam tendo assistência. Os casos de urgência são encaminhados para outros hospitais. A direção da unidade alegou "medida de segurança" para suspender o atendimento -a adesão à greve, entre os 2.050 servidores do HC, foi de praticamente 100%. Administrado pela Universidade Federal do Paraná, o Hospital de Clínicas possui 635 leitos. Referência em Salvador (BA) em cirurgias de alta complexidade, o Hospital das Clínicas reduziu o seu atendimento ambulatorial em 67% desde o início da greve. O atendimento cirúrgico foi reduzido em 42%. "Vamos aguardar até segunda-feira. Se os salários não forem liberados, vamos suspender todo o atendimento hospitalar", disse o diretor da instituição, Edílson Bittencourt Martins, 57. O Hospital das Clínicas é mantido pela UFBa (Universidade Federal da Bahia). "Para não prejudicar a população, estamos pagando o transporte para os funcionários", disse Martins. Com 2.000 funcionários, o hospital realiza 12 mil atendimentos laboratoriais por mês e 24 cirurgias cardíacas diárias. "Com a greve, estamos atendendo 4.000 pessoas por mês e fazendo 14 cirurgias por dia", afirmou Martins. No hospital universitário da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba (MG), só estão sendo atendidos casos de urgência e pacientes graves. O hospital tem 390 leitos e atende 32 mil pacientes por mês. No Rio, o Hospital Universitário da UFRJ também foi afetado. Normalmente, segundo o diretor-geral substituto, Sílvio Martins, são feitas 50 cirurgias por dia. Anteontem, apenas quatro foram realizadas e ontem, somente oito. "Apesar de o ministro dizer que haveria condições para o pagamento dos funcionários do hospital, as informações que possuímos é de que isso é tecnicamente extremamente complexo. Cortar o salário de quem está trabalhando foi uma atitude injusta." Outro lado De acordo com a assessoria da Secretaria de Educação Superior, do MEC, o governo liberou ontem R$ 42 milhões para o pagamento dos funcionários dos hospitais universitários, o que representa 30% do total da folha de pagamento dos servidores. Segundo a assessoria, o ministro Paulo Renato Souza (Educação) está "extremamente preocupado" com a situação dos servidores dos hospitais que estão trabalhando e não estão recebendo o salário, mas que cabe aos reitores destrinchar as folhas de ponto. Os reitores, no entanto, alegam dificuldades para fazer os pagamentos separadamente. A liberação dessa parcela dos pagamentos foi um recuo parcial do ministro em sua decisão de reter o salário de todos os grevistas. A greve dos servidores começou no dia 25 de julho e a dos professores no dia 22 de agosto. No país, são 45 hospitais universitários com cerca de 28 mil servidores. (RONALDO DE FREITAS, LUIZ FRANCISCO, KAMILA FERNANDES, KÁTIA BRASIL E ALESSANDRA KORMANN) Texto Anterior: Greve nas federais: Suspensa liminar que garantia salários Próximo Texto: Almoço grátis garante presença Índice |
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