São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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URBANISMO

Sebrae orientará sobre financiamento do BB e da CEF; região foi "endereço da elegância" no século passado

Comerciantes poderão usar linha de crédito

DA REPORTAGEM LOCAL

O comunicado que os comerciantes da região da Barão de Itapetininga receberão, nas próximas semanas, orientará sobre como financiar a reforma de seus prédios. Uma das orientações é a utilização de duas linhas de crédito especiais, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Em ambos os bancos, é possível contrair empréstimo de R$ 50 mil (independentemente do tamanho do estabelecimento), que devem ser pagos em 24 meses a juros de, em média, 15%. Desses R$ 50 mil, 30% podem ser usados como capital de giro e o restante é liberado do banco somente mediante notas ficais comprovando o investimento -no caso, da restauração.
"Na verdade, acho que poucos vão precisar do empréstimo", considera Dórli Martins, diretora do escritório Centro 2 do Sebrae-SP. "Primeiro, tem de haver uma sensibilização geral sobre o quanto o aspecto visual da loja define o consumo. Para o restauro, estudamos outras possibilidades, como uma parceria com o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial" e com empresas fabricantes de tintas", afirma.
O quadrilátero tem 65 prédios históricos e outros significativos no passado da cidade, não incluídos na lista. Caso do edifício dos Diários Associados, na rua Sete de Abril, primeiro endereço do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
O restauro e a revitalização dos edifícios da região começam com pesquisa desenvolvida pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da prefeitura, e pela Universidade Mackenzie.
Segundo o professor de Técnicas Retrospectivas da universidade, Marcos Carrilho, a idéia é montar um banco de dados. Feito com alunos da graduação e alguns pesquisadores, o trabalho ajudaria o DPH, que tem poucos técnicos, além de auxiliar os comerciantes no restauro.
Em prédios tombados, é preciso saber exatamente o que é permitido fazer, e isso varia de um edifício para outro. "Queimaríamos muitas etapas", diz Carrilho.

Elegância e boêmia
Apesar de tombados, sabe-se pouco a respeito do passado dos edifícios, a não ser da sua importância arquitetônica. O quadrilátero viu nascer a arquitetura modernista, em prédios como o Esther e a Galeria Califórnia, e foi o ponto de encontro da boêmia paulistana em várias décadas.
A região, na verdade, não é tão antiga. Nos séculos 16 e 17, era chamada "Anhangabaú de Cima" e não passava de um descampado com poucos moradores.
No século 19, o barão de Itapetininga introduziu o cultivo do chá naquelas terras. A paisagem do local começou a se transformar na atual no início do século passado, impulsionada pela inauguração da praça da República (1902) e do Teatro Municipal (1911).
A partir disso, a região começou a abrigar o comércio sofisticado da cidade e pontos de encontro como a Confeitaria Vienense. "Era o endereço da elegância. Começa no desenho das ruas, largas e arejadas", diz a historiadora Maria Candelária Morais, do DPH.

Megafone
A pesquisa não será a única atividade dos universitários. Segundo Carlos Beutel, presidente da Ação Local Barão de Itapetininga, há 15 alunos de várias instituições que se inscreveram como voluntários para servir de guias a visitas monitoradas. Domingo passado, foi feita a primeira experiência.
As visitas deverão ser diárias, com saída do Teatro Municipal.
(SÉRGIO DURAN)


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