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URBANISMO
Sebrae orientará sobre financiamento do BB e da CEF; região foi "endereço da elegância" no século passado
Comerciantes poderão usar linha de crédito
DA REPORTAGEM LOCAL
O comunicado que os comerciantes da região da Barão de Itapetininga receberão, nas próximas semanas, orientará sobre como financiar a reforma de seus
prédios. Uma das orientações é a
utilização de duas linhas de crédito especiais, do Banco do Brasil e
da Caixa Econômica Federal.
Em ambos os bancos, é possível
contrair empréstimo de R$ 50 mil
(independentemente do tamanho
do estabelecimento), que devem
ser pagos em 24 meses a juros de,
em média, 15%. Desses R$ 50 mil,
30% podem ser usados como capital de giro e o restante é liberado
do banco somente mediante notas ficais comprovando o investimento -no caso, da restauração.
"Na verdade, acho que poucos
vão precisar do empréstimo",
considera Dórli Martins, diretora
do escritório Centro 2 do Sebrae-SP. "Primeiro, tem de haver uma
sensibilização geral sobre o quanto o aspecto visual da loja define o
consumo. Para o restauro, estudamos outras possibilidades, como uma parceria com o Senai
[Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial" e com empresas
fabricantes de tintas", afirma.
O quadrilátero tem 65 prédios
históricos e outros significativos
no passado da cidade, não incluídos na lista. Caso do edifício dos
Diários Associados, na rua Sete de
Abril, primeiro endereço do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
O restauro e a revitalização dos
edifícios da região começam com
pesquisa desenvolvida pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da prefeitura, e pela
Universidade Mackenzie.
Segundo o professor de Técnicas Retrospectivas da universidade, Marcos Carrilho, a idéia é
montar um banco de dados. Feito
com alunos da graduação e alguns pesquisadores, o trabalho
ajudaria o DPH, que tem poucos
técnicos, além de auxiliar os comerciantes no restauro.
Em prédios tombados, é preciso
saber exatamente o que é permitido fazer, e isso varia de um edifício para outro. "Queimaríamos
muitas etapas", diz Carrilho.
Elegância e boêmia
Apesar de tombados, sabe-se
pouco a respeito do passado dos
edifícios, a não ser da sua importância arquitetônica. O quadrilátero viu nascer a arquitetura modernista, em prédios como o Esther e a Galeria Califórnia, e foi o
ponto de encontro da boêmia
paulistana em várias décadas.
A região, na verdade, não é tão
antiga. Nos séculos 16 e 17, era
chamada "Anhangabaú de Cima"
e não passava de um descampado
com poucos moradores.
No século 19, o barão de Itapetininga introduziu o cultivo do chá
naquelas terras. A paisagem do
local começou a se transformar na
atual no início do século passado,
impulsionada pela inauguração
da praça da República (1902) e do
Teatro Municipal (1911).
A partir disso, a região começou
a abrigar o comércio sofisticado
da cidade e pontos de encontro
como a Confeitaria Vienense.
"Era o endereço da elegância. Começa no desenho das ruas, largas
e arejadas", diz a historiadora Maria Candelária Morais, do DPH.
Megafone
A pesquisa não será a única atividade dos universitários. Segundo Carlos Beutel, presidente da
Ação Local Barão de Itapetininga,
há 15 alunos de várias instituições
que se inscreveram como voluntários para servir de guias a visitas
monitoradas. Domingo passado,
foi feita a primeira experiência.
As visitas deverão ser diárias,
com saída do Teatro Municipal.
(SÉRGIO DURAN)
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