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TRÂNSITO
Instituição discute medidas para limitar tráfego e reduzir acidentes nos 30 km de vias da Cidade Universitária
USP quer radar e semáforo em campus
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura da Cidade Universitária quer definir ainda em 2004
a instalação de radares fixos e móveis e lombadas eletrônicas de
controle fotográfico da velocidade dos veículos dentro do campus
da USP (Universidade de São
Paulo) na capital paulista.
O projeto de implantação dos
aparelhos de fiscalização eletrônica do trânsito -bem como semáforos e novos instrumentos de sinalização- começou a ser traçado pelo prefeito do campus, Wanderley Messias da Costa, devido
aos acidentes e ao crescimento do
tráfego de passagem nos 30 km de
vias pavimentadas da USP.
O tema é visto com restrições na
CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego) de São Paulo, ligada
ao DSV (Departamento de Operações do Sistema Viário), que
sempre alegou haver "autonomia
administrativa, disciplinar e financeira" da universidade -não
podendo uma empresa da prefeitura paulistana interferir nas infrações que ocorrem no campus,
inclusive instalando radares.
Mas a Cidade Universitária diz
ter recebido um parecer do Denatran (Departamento Nacional de
Trânsito) no mês passado que a
aconselha a firmar um convênio
com esses órgãos municipais para
a implantação dessa fiscalização
na USP -dando respaldo legal a
essa intenção da universidade.
Costa afirma que já teve uma
conversa com representantes da
CET para discutir a parceria, mas
que os avanços devem ocorrer somente após as eleições deste ano.
"Esperamos fechar em novembro", afirma Costa, que diz já haver inclusive cobrança do Ministério Público para que as leis de
trânsito sejam aplicadas na USP.
Segundo ele, um dos principais
fatores que contribuem para os
acidentes na Cidade Universitária
é a passagem de 7.000 veículos no
campus, entre 7h e 9h, apenas para cortar caminho ou desviar dos
congestionamentos do entorno,
como na marginal Pinheiros.
A rota alternativa por dentro da
universidade chega a ser sugerida
ao público externo até por emissoras de rádio de São Paulo.
"Não que queiramos fechar os
acessos, mas a universidade só
perde com essa passagem. Ela é
que faz os reparos no asfalto",
afirma Costa. Ele diz que 4.000
desses veículos entram na USP
pela Corifeu de Azevedo Marques
e 3.000, pela Escola Politécnica.
No primeiro semestre de 2003, a
média de acidentes no campus da
USP passava de 18 por mês, dos
quais ao menos três com vítimas.
A assessoria de imprensa da
CET confirmou ontem que já
houve reunião com representantes da Cidade Universitária para
discutir a fiscalização do trânsito
na USP, mas nega já haver qualquer entendimento e diz que ainda não recebeu nenhuma proposta de convênio para analisar.
Hoje a capital paulista tem 180
equipamentos de fiscalização eletrônica (40 móveis, 40 fixos, 100
lombadas eletrônicas e 80 "caetanos", instalados nos semáforos).
O prefeito da Cidade Universitária chegou a se reunir na última
sexta com os prefeitos de outros
campi da USP, como Ribeirão
Preto e Piracicaba, para discutir a
necessidade de auxílio externo na
fiscalização do trânsito.
Marcos Vinicius Folegatti, prefeito do campus de Piracicaba, diz
que a universidade adotou lá uma
sinalização alternativa para chamar a atenção dos motoristas,
com limites de velocidade de 22
km/h e 32 km/h -quando os índices normais no país são com
números redondos.
Ausência da PM
A intenção da Cidade Universitária de obter auxílio externo na
fiscalização do trânsito não é nova
e chegou a ter uma promessa em
2003 de colaboração da Polícia
Militar, que passaria a aplicar
multas dentro da USP. Na época,
José Geraldo Massucato, então
prefeito do campus, disse ter conversado com representantes da
PM e obtido esse compromisso.
Na ocasião, a PM também confirmou oficialmente à Folha ter
feito a promessa de fiscalização
do trânsito na universidade -algo que não acontece hoje.
"A PM não fiscaliza em nenhum
lugar da cidade. Só faz ocorrência
[de acidente]", afirma Costa.
A Secretaria da Segurança Pública enviou nota à reportagem
ontem dizendo que "em nenhum
momento a USP solicitou oficialmente ou mesmo informalmente
a realização de policiamento de
trânsito no local". Questionada
sobre a contradição do teor do comunicado com a posição da PM
em 2003, a secretaria preferiu não
acrescentar nenhum comentário.
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