São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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TRÂNSITO

Instituição discute medidas para limitar tráfego e reduzir acidentes nos 30 km de vias da Cidade Universitária

USP quer radar e semáforo em campus

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura da Cidade Universitária quer definir ainda em 2004 a instalação de radares fixos e móveis e lombadas eletrônicas de controle fotográfico da velocidade dos veículos dentro do campus da USP (Universidade de São Paulo) na capital paulista.
O projeto de implantação dos aparelhos de fiscalização eletrônica do trânsito -bem como semáforos e novos instrumentos de sinalização- começou a ser traçado pelo prefeito do campus, Wanderley Messias da Costa, devido aos acidentes e ao crescimento do tráfego de passagem nos 30 km de vias pavimentadas da USP.
O tema é visto com restrições na CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo, ligada ao DSV (Departamento de Operações do Sistema Viário), que sempre alegou haver "autonomia administrativa, disciplinar e financeira" da universidade -não podendo uma empresa da prefeitura paulistana interferir nas infrações que ocorrem no campus, inclusive instalando radares.
Mas a Cidade Universitária diz ter recebido um parecer do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) no mês passado que a aconselha a firmar um convênio com esses órgãos municipais para a implantação dessa fiscalização na USP -dando respaldo legal a essa intenção da universidade.
Costa afirma que já teve uma conversa com representantes da CET para discutir a parceria, mas que os avanços devem ocorrer somente após as eleições deste ano.
"Esperamos fechar em novembro", afirma Costa, que diz já haver inclusive cobrança do Ministério Público para que as leis de trânsito sejam aplicadas na USP.
Segundo ele, um dos principais fatores que contribuem para os acidentes na Cidade Universitária é a passagem de 7.000 veículos no campus, entre 7h e 9h, apenas para cortar caminho ou desviar dos congestionamentos do entorno, como na marginal Pinheiros.
A rota alternativa por dentro da universidade chega a ser sugerida ao público externo até por emissoras de rádio de São Paulo.
"Não que queiramos fechar os acessos, mas a universidade só perde com essa passagem. Ela é que faz os reparos no asfalto", afirma Costa. Ele diz que 4.000 desses veículos entram na USP pela Corifeu de Azevedo Marques e 3.000, pela Escola Politécnica.
No primeiro semestre de 2003, a média de acidentes no campus da USP passava de 18 por mês, dos quais ao menos três com vítimas.
A assessoria de imprensa da CET confirmou ontem que já houve reunião com representantes da Cidade Universitária para discutir a fiscalização do trânsito na USP, mas nega já haver qualquer entendimento e diz que ainda não recebeu nenhuma proposta de convênio para analisar.
Hoje a capital paulista tem 180 equipamentos de fiscalização eletrônica (40 móveis, 40 fixos, 100 lombadas eletrônicas e 80 "caetanos", instalados nos semáforos).
O prefeito da Cidade Universitária chegou a se reunir na última sexta com os prefeitos de outros campi da USP, como Ribeirão Preto e Piracicaba, para discutir a necessidade de auxílio externo na fiscalização do trânsito.
Marcos Vinicius Folegatti, prefeito do campus de Piracicaba, diz que a universidade adotou lá uma sinalização alternativa para chamar a atenção dos motoristas, com limites de velocidade de 22 km/h e 32 km/h -quando os índices normais no país são com números redondos.

Ausência da PM
A intenção da Cidade Universitária de obter auxílio externo na fiscalização do trânsito não é nova e chegou a ter uma promessa em 2003 de colaboração da Polícia Militar, que passaria a aplicar multas dentro da USP. Na época, José Geraldo Massucato, então prefeito do campus, disse ter conversado com representantes da PM e obtido esse compromisso.
Na ocasião, a PM também confirmou oficialmente à Folha ter feito a promessa de fiscalização do trânsito na universidade -algo que não acontece hoje.
"A PM não fiscaliza em nenhum lugar da cidade. Só faz ocorrência [de acidente]", afirma Costa.
A Secretaria da Segurança Pública enviou nota à reportagem ontem dizendo que "em nenhum momento a USP solicitou oficialmente ou mesmo informalmente a realização de policiamento de trânsito no local". Questionada sobre a contradição do teor do comunicado com a posição da PM em 2003, a secretaria preferiu não acrescentar nenhum comentário.


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