São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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Metralhadora é restrita a uso militar e pode disparar 950 tiros por minuto


Matuiti Mayezo/Folha Imagem
O delegado Olavo Francisco, do 96º DP, mostra a arma usada pelo aluno Mateus da Costa Meira


CHICO DE GOIS
da Reportagem Local

A metralhadora que estava em poder do estudante de medicina Mateus da Costa Meira, 24, tem alto poder destrutivo.
Ela é semi-automática, calibre 9 mm, da marca Cobray, fabricada em Atlanta, nos Estados Unidos, e capaz de disparar 950 tiros por minuto. Seu carregador tem capacidade para 30 balas.
A marca mais conhecida do mercado, porém, é a Uzi, de fabricação israelense.
Esse tipo de arma não se encontra na loja da esquina ou em shoppings. É de uso restrito das Forças Armadas. Só quem pode manuseá-la são militares, policiais federais, oficiais da Polícia Militar e policiais que integrem grupos táticos especiais.
Para colecionadores possuírem um exemplar desses em casa é necessária autorização do Exército. Vários documentos são requisitados e renovados anualmente.
Um delegado da Polícia Federal que trabalhou durante anos nas fronteiras do país e não quis se identificar afirmou que nas lojas do Paraguai é fácil conseguir uma metralhadora 9 mm igual a utilizada pelo estudante.
"Com dinheiro, é possível comprar qualquer coisa", disse o delegado. Em São Paulo, segundo esse policial, alguns exemplares dessa arma são furtados de colecionadores e vendidos a traficantes. O preço pode chegar a R$ 5.000 -valor pago por Meira.
A assessoria da PF informou que este ano não foi registrada nenhuma grande apreensão de contrabando de armas.
De acordo com a assessoria de imprensa, em julho foram presos na zona norte quatro integrantes de uma quadrilha especializada em roubo de carros importados.
Com eles havia duas metralhadoras 9 mm semelhantes à apreendida em poder de Meira. Entre as vítimas dos assaltantes estavam Viola, jogador do Vasco, e um juiz federal. Ambos tiveram seus carros roubados.
O deputado Alberto Fraga (PMDB-DF) disse ontem que o crime no MorumbiShopping reforça a sua tese de que a redução da criminalidade não depende da proibição da venda de armas de fogo, como propõe o governo no projeto enviado à Câmara no início do ano.
Fraga é relator do projeto na Comissão de Defesa Nacional, que analisa o conteúdo da proposta. "O aumento ou a diminuição da criminalidade não tem a ver com venda legal de armas. O problema é a facilidade com que as armas são compradas no mercado clandestino", disse.


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