São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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Shopping se isenta de culpa e nega indenização a vítimas e famílias

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

A administração do MorumbiShopping não se sente responsável pelas mortes dentro da sala de cinema e descarta indenizar as famílias ou as vítimas que sobreviveram.
"Se necessário, daremos algum tipo de ajuda, mas o shopping não pode ser responsabilizado pelo que ocorreu. Isso poderia ter acontecido em qualquer outro lugar", disse Celso Abramovitz, 40, superintendente da Renasce, que administra o shopping.
A empresa está usando o boletim de ocorrência registrado na polícia em sua defesa. No texto, consta que o autor dos disparos, Mateus da Costa Meira, disse ter escolhido ""casualmente o referido shopping".
"Não cabe indenização porque não há responsabilidade do shopping", disse o advogado Cid Vieira de Souza Filho, que representa a administração do local.
Os seguranças que trabalhavam à noite entraram no cinema após os disparos e evitaram que Meira fosse linchado. Isso só aconteceu após eles perceberem o tumulto das vítimas que deixavam o cinema. A acústica da sala de projeção impediu que o barulho dos tiros fosse ouvido do lado de fora. Dois homens que assistiam ao filme seguraram Meira pelas costas antes da chegada dos seguranças.
O shopping informou que providenciou socorro para as vítimas do tiroteio, acionando o serviço de resgate. "Nossa estrutura de segurança não foi omissa. Evitar que isso ocorra é absolutamente impraticável em qualquer lugar, nem que tivéssemos dez vezes mais seguranças no momento", afirmou Claudio Sallum, 37, superintendente do shopping.
A Paris Filme, que administra seis cinemas dentro do MorumbiShopping, interditou a sala onde houve o tiroteio e uma outra ao lado, apesar de o Instituto de Criminalística ter liberado o acesso na manhã de ontem. Os representantes da empresa não comentaram o caso.
Além de dois funcionários da bilheteria, há apenas um outro na sala de projeção. A roleta de entrada, por onde o atirador passou armado, é manual.
No momento dos tiros, as lojas estavam fechadas. Ainda havia movimento nos cinemas e nas áreas de lazer.

Dia seguinte
As lojas do MorumbiShopping abriram normalmente ontem. "As pessoas estão ligando e perguntando se há segurança", disse Monique Pereira Bezerra, que trabalha no boliche e recebe reservas para aniversários.
"É um absurdo o que aconteceu. Acho que deveria começar a ter revista na entrada do cinema", afirmou o montador Moisés Rodrigues de Macedo, 27, que ontem esteve com a família fazendo compras no shopping.


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