São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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Sociólogo vê fato como caso isolado

da Reportagem Local

Os shopping centers são considerados locais com segurança adequada, segundo especialistas e frequentadores. "A tendência é que ocorra menos violência em shoppings do que em lugares totalmente abertos, como a rua."
A opinião é do sociólogo Túlio Kahn, do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente).
"Os shoppings têm um esquema de segurança privada muito forte. Normalmente, a pessoa fica mais protegida lá, mas isso não quer dizer que ela está livre da violência", completa.
De acordo com ele, o crime de anteontem é um fato considerado isolado no Brasil. "Não é comum que ocorra aqui casos de pessoas que saem atirando em locais públicos, mas pesquisas mostram que pode haver uma espécie de contágio. A pessoa que tem um distúrbio fica sabendo de ocorrências semelhantes e copia."
Apesar de casos como o do crime do Morumbi serem considerados isolados, mães que antes deixavam seus filhos frequentarem shoppings sozinhos, por acreditar que lá eles estariam mais seguros, pensam em "regular" a ida dos adolescentes aos shoppings.
"Fiquei muito assustada com isso. A gente já não fica tranquila nem quando o filho está no colégio. No shopping sempre achei que eles estivessem em segurança", disse a organizadora de eventos Cristina Marin, 40, mãe de duas adolescentes: uma com 14 anos e outra com 12.
Cristina afirma que continua considerando o shopping mais seguro que a rua. "Mas, no momento, fiquei cheia de reservas e não sei se deixarei minhas filhas irem ao shopping como antes", diz. Suas filhas frequentam as lojas e os cinemas dos shoppings Paulista e Ibirapuera.
A empresária Virgínia Pereira, 40, que também é mãe de duas adolescentes, diz que nunca considerou os shoppings totalmente seguros. "Sempre me preocupei. Nesses lugares pode haver pessoas que têm problemas com drogas e aproveitam que o adolescente está sozinho ali", diz.
As filhas de Virgínia frequentam o shopping principalmente para ir ao cinema. "Sempre evitei que elas ficassem em shopping batendo perna."
Ela diz que agora ficou ainda mais preocupada."Mas não vou poder proibi-las sempre de sair. Prefiro nem pensar no que aconteceu, ou não deixo mais as minhas filhas saírem de casa."
(ANTONINA LEMOS)


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