São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2000

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Médico foi "exilado" por não aderir

DA REPORTAGEM LOCAL

O neurocirurgião Jair Urbano da Silva está contando os dias para reassumir seu posto no hospital Jabaquara. Ele não concordou com a implantação do PAS e foi punido com uma peregrinação que já dura três anos e meio. Passou pela fábrica de asfalto da Barra Funda, por creches e administrações regionais, até ser encostado na própria Secretaria da Saúde. Nesse tempo todo, Silva fez de tudo, menos o que melhor sabe e o que mais gosta de fazer: operar em situações de emergência.
"Quero voltar para a porta do pronto-socorro", ele diz. Pelas suas contas, ao longo de todo o período de "exílio", com dois plantões por semana, poderia ter atendido mais de 5.000 pessoas e teria feito pelo menos 200 cirurgias de alta complexidade.
"Muitos cirurgiões brilhantes foram deslocados para fazer exames médicos em piscinas públicas", afirma. Um deles está no serviço de coleta de entulhos da prefeitura.
O neurocirurgião Urbano da Silva faz parte dos cerca de 15 mil funcionários que foram "exilados" pela administração Maluf por não aceitar o PAS. Serão agora convocados a retomar seus postos. Uma parte dos funcionários aderiu ao programa e deve agora retornar para a prefeitura. Seus salários deverão ser reduzidos, o que poderá provocar uma enxurrada de ações trabalhistas.
No outro lado estão os que não pertenciam à prefeitura e foram contratados diretamente pelo PAS. Estes poderão ser afastados ou contratados em regime de emergência, enquanto se realizam os concursos públicos.
Seguidores do PAS e opositores a ele passarão a trabalhar juntos no processo de transição. Vereadores petistas dizem que há um clima de animosidade entre os dois grupos que precisa de cuidado especial da nova administração. "Não haverá vingança política", garante Adriano Diogo.
O médico José Erivalder Guimarães, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, lembra que as entidades médicas se opuseram ao PAS. "Nada temos contra os que aderiram ao programa, mas vamos exigir investigações rigorosas", afirma. "Culpados e corruptos serão punidos." (AB)



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