São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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População pode ficar abaixo do esperado

Prévia do Censo aponta 185,7 milhões de habitantes; estimativa para o ano, feita em 2009, era de 191,5 milhões

Cidade de São Paulo já está com 10,7 milhões de moradores, contra 10,4 milhões em 2000, data do último Censo

DENISE MENCHEN
DO RIO

Em três meses de visitas a domicílios, os recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) encontraram 185.712.713 pessoas residindo no país. O número representa um acréscimo de 9,4% em relação às 169.799.170 contabilizadas no Censo de 2000, mas ficou abaixo da estimativa populacional feita em 2009 para este ano, de 191.480.630.
O resultado não é definitivo. Por lei, o IBGE dá um prazo de 20 dias para que as prefeituras avaliem e, se for o caso, contestem os dados. Como o tamanho da população influencia nos repasses de verbas da União a Estados e municípios, as queixas costumam ser frequentes.
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios indica que, pelos dados divulgados ontem, 329 cidades (5,9% do total) terão sua parcela no Fundo de Participação dos Municípios reduzida. Outros 290 (5,4%) passarão a ganhar mais.
O Amazonas é o Estado com maior número de municípios prejudicados (23%), caso a contagem prévia seja confirmada oficialmente.

EXPECTATIVA
Demógrafos ouvidos pela Folha avaliam que, mesmo com a tentativa do IBGE de insistir nas buscas pelos moradores que não responderam à pesquisa, a população contada pelo Censo 2010 deverá ser menor do que a estimada em 2009 para este ano.
Na avaliação de Suzana Cavenaghi, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, isso ocorre pela natureza da pesquisa, que considera apenas as informações colhidas nas entrevistas pessoais.
"Nenhum censo do mundo consegue ter uma cobertura de 100%", diz. "Mas alguns países optam por fazer uma estimativa dos dados dos domicílios que não foram cobertos, o que o IBGE não faz", afirma Cavenaghi.
Já o pesquisador Wilson Fusco, da Fundação Joaquim Nabuco, diz que os resultados podem indicar que a taxa de fecundidade, estimada em 1,9 filho por mulher, pode estar abaixo disso.
Fusco ressalta que o IBGE tende a ser conservador ao fazer as estimativas anuais de população, já que menos habitantes significa menos recursos para os municípios.
Para ele, porém, um dos dados mais importantes revelados pelo Censo hoje não deve sofrer alteração: aquele que mostra que a população do Nordeste teve uma taxa de crescimento maior do que a do Sul e a do Sudeste. Na comparação com 2000, houve alta de 8,65%, 7,63% e 7,24%, respectivamente.
"Com exceção dos anos 1980, a década perdida, quando muitos nordestinos que tinham migrado para o Sudeste retornaram para seus Estados de origem por não encontrarem emprego, a população do Nordeste sempre tem crescido a taxas mais baixas", diz Fusco.
"Agora a situação é diferente. A população está ficando ou voltando para o Nordeste porque a economia está melhorando devido aos programas de distribuição de renda do governo e ao surgimento de polos de desenvolvimento em diversos Estados", afirma.


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