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ADMINISTRAÇÃO
Texto enviado pela prefeitura à Câmara Municipal nesta semana foi discutido com empreiteiros um mês antes
Empresas conheciam projeto da taxa do lixo
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês antes de ser encaminhado à Câmara Municipal em
regime de urgência, o projeto de
lei que institui a taxa do lixo foi
apresentado pela Secretaria de
Serviços e Obras à diretoria da
Abrelpe (associação que reúne as
maiores empresas de limpeza pública do país). Na oportunidade,
representantes da entidade receberam uma cópia do texto e, de
forma geral, o aprovaram.
A informação foi dada à Folha
pelo presidente da Abrelpe, Alberto Bianchini, um dos maiores
entusiastas do novo tributo e da
concessão do serviço de limpeza.
As empreiteiras de lixo foram as
maiores doadoras da campanha
de Marta Suplicy à prefeitura.
Na segunda-feira, a assessoria
da Abrelpe divulgou uma carta na
qual a entidade afirma que "a taxa
de lixo é garantia de recursos para
o setor de limpeza urbana".
Ontem à noite, a assessoria de
imprensa do secretário de Obras,
Jorge Hereda, disse que a prefeitura apenas consultou diversos
setores da sociedade e que há um
mês o projeto de lei ainda não estava pronto.
Em 1998, o ex-prefeito Celso Pitta pensou em criar uma taxa para
o setor. Foi bombardeado, principalmente pelos vereadores do PT,
partido da prefeita.
Pitta recuou, mas, para cobrir os
gastos com a limpeza urbana, aumentou a alíquota do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), passando de 0,6% para 1%.
Os petistas sugeriam que, em vez
de aumentar o imposto, a prefeitura reduzisse o pagamento às
empreiteiras.
Quando o PT era oposição acusava as empreiteiras de lixo de
formarem um cartel. Vereadores
do partido da prefeita chegaram a
entrar com ação no Ministério
Público para apurar o assunto.
Na administração, porém, as
críticas cessaram. Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
aprovada na Câmara e presidida
por um vereador do PT para investigar supostas irregularidades
produziu um relatório pródigo
em elogios ao Executivo e não
apontou nada de anormal.
No ano passado, a idéia da criação de uma taxa de lixo voltou ao
debate legislativo por causa de um
projeto de lei de autoria do vereador Vicente Cândido (PT). A matéria chegou a entrar em pauta de
votação, mas não foi aprovada.
O Executivo não tinha intenção,
naquele momento, de instituir
mais um custo para a população,
uma vez que estava mais interessado em aprovar a progressividade do IPTU.
Anualmente, a cidade gasta
mais de R$ 280 milhões com a
varrição e coleta de lixo. O dinheiro vem dos impostos pagos pela
população e entra direto no caixa
da prefeitura, sem uma conta específica para a atividade. Com o
pagamento da taxa, a prefeitura
espera economizar esse valor.
Para Bianchini, entretanto, a
instituição da taxa nos valores
propostos pela prefeitura pode
ainda não ser suficiente para
"proporcionar um serviço de
qualidade" ao paulistano.
No ano passado, a prefeitura fez
uma concorrência para o serviço
de limpeza. O prazo do contrato
seria de um ano, renovável por
mais um. A intenção é fazer a concessão do serviço por 20 anos, sonho das empreiteiras.
Colaborou MARIANA VIVEIROS, da Reportagem Local
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