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MISTÉRIO NO RIO
Uma machadinha que decorava o banheiro pode ter sido usada no ataque ao casal Staheli, no domingo
Perícia acha digitais e tem pista da arma
Michel Filho/Agência O Globo
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O corpo de Michelle Staheli é removido do hospital onde ela permaneceu em estado gravíssimo após o ataque sofrido no domingo |
FABIANA CIMIERI
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A perícia realizada pela Polícia
Civil do Rio na casa de Zera Todd
Staheli, 39, encontrou, no quarto
do casal, impressões digitais que
podem ser as do assassino do executivo da Shell e de sua mulher,
Michelle Staheli, 36.
A perícia ainda não sabe quem
deixou as impressões, mas, pela
altura em que estavam, é possível
concluir que não são das crianças
de três e oito anos, filhas do casal.
As digitais estavam perto da cama, segundo a Folha apurou.
A polícia acredita já ter identificado a arma do crime: uma machadinha que decorava o banheiro e sumiu. A arma faria par com
uma outra, que foi apreendida pelos peritos e não apresentava vestígios de sangue.
Na madrugada de domingo, o
casal foi atacado, enquanto dormia. Eles moravam havia três meses no país com os quatro filhos
-três meninas, de 13, oito e três
anos, e um menino de dez.
O chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, disse que a polícia,
até agora, trabalha com a hipótese
de que o crime tenha sido cometido por uma única pessoa. Não está descartada a participação de
parentes. "Não estamos acusando
ninguém, mas não podemos descartar nenhuma possibilidade."
Michelle morreu ontem de manhã. A polícia quer saber se ela e o
marido foram mortos pela mesma arma, o que confirmaria, segundo Lins, a hipótese de um único assassino.
Sobre o rosto ensanguentado do
executivo havia um travesseiro,
no qual não foram encontradas
impressões digitais. As informações da perícia levam a crer que a
mulher foi atacada primeiro, com
uma pancada na frente do rosto.
O computador da filha mais velha foi apreendido, assim como
seu diário. Segundo o delegado
Marcus Henrique Alves, da 16ª
DP (Barra da Tijuca), não há no
diário nada relevante.
Outras pistas importantes podem estar em duas cartas apreendidas, uma da mãe para a filha
mais velha -duas páginas escritas à mão- e outra de uma amiga
de Londres para a adolescente.
Uma informação passada à polícia pelo serviço Disque-Denúncia afirma que todos os mórmons
da Igreja Jesus Cristo dos Últimos
Dias -à qual pertencia o casal
Staheli- são orientados a escrever um diário detalhando todos
os seus passos.
Lins disse que a polícia tomou
conhecimento de um crime famoso cometido nos Estados Unidos em 1892. Lizzie Borden foi
acusada de matar o pai e a madrasta a machadadas. Não foi
condenada por falta de provas. As
duas vítimas teriam sido dopadas.
Borden tinha, à época, 32 anos.
A casa dos Borden, em Massachusetts, se transformou em ponto de visitação. Segundo Lins, a
polícia vai considerar a informação recebida sobre o crime dos
EUA, mas ainda não há nenhuma
conexão com o caso Staheli.
"Por enquanto, não tem nenhum vínculo", afirmou Lins,
acrescentando que, se nos pertences da família for encontrada alguma citação ao caso, "aí, sim,
passa a ser um dado relevante".
Lins disse que a filha mais velha
dos Staheli poderá ser questionada sobre isso em seu depoimento
hoje na 4ª Vara do Tribunal do Júri do Rio. A juíza Maria Angélica
Guedes interrogará a garota e o
menino de dez anos e o casal americano que socorreu as crianças. O
delegado só poderá fazer perguntas por intermédio da juíza.
O delegado disse que pretende
fazer a reprodução do crime (reconstituição sem a participação
dos autores) na semana que vem.
Ele pedirá à Justiça para que as
crianças participem.
À tarde, o secretário estadual de
Segurança, Anthony Garotinho,
reuniu o chefe de Polícia Civil, os
delegados e os peritos que trabalham no caso. Após a reunião, o
motorista da família, Sebastião
Moura, foi ao IML para realizar
novos exames. Até a conclusão
desta edição, a secretaria não divulgara quais seriam os exames.
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