São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Temporal alaga ruas, pára o trânsito e derruba árvores

A primeira chuva de dezembro deixou 17 pessoas ilhadas; hoje deve voltar a chover

Prefeito diz que tomou medidas preventivas, mas que o volume de água dos últimos dias tem superado a média de anos anteriores

AFRA BALAZINA
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira chuva do mês de dezembro em São Paulo já sinaliza o que o paulistano terá de enfrentar neste verão. O temporal que atingiu a cidade a partir do início da tarde de ontem deixou 52 pontos alagados, carros boiando, pessoas ilhadas, trânsito caótico e provocou desabamentos de muros e barracos e quedas de árvores. O Corpo de Bombeiros registrou 17 ocorrências de pessoas ilhadas -principalmente dentro de casas e carros. O córrego Pirajussara transbordou na Vila Sônia, zona sul da cidade, e inundou ruas e imóveis. Um deficiente físico precisou ser socorrido dentro do veículo na avenida José Maria de Faria, na Lapa. Uma mulher subiu em cima do carro para não se afogar na rua Coriolano, na Vila Romana. No Butantã, bombeiros tiveram de socorrer mãe e filha dentro de casa -a mulher estava com água até a cintura, na rua 23 de Outubro. Na marginal Tietê, as quatro bombas hidráulicas da ponte das Bandeiras, no sentido rodovia Ayrton Senna/Castelo Branco, tiveram uma sobrecarga e pararam de funcionar à tarde. Segundo a Secretaria das Subprefeituras, as bombas estavam funcionando manualmente à noite e passariam por uma manutenção. Essas bombas sugam a água acumulada nas pistas (que estão num nível abaixo do leito do rio) e jogam na direção do Tietê. Quem passava pela área se assustava com o volume do rio -às 20h, dois metros separavam o nível da água e a pista. Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), a região mais atingida ontem foi a oeste -a média de precipitação na área foi de 83,8 mm, enquanto nas zonas norte e central foi de 34 mm. A média da cidade foi de 41,3 mm. Pelo menos seis árvores caíram durante o temporal. Uma delas atingiu um carro, na avenida Attílio Inocenti, na Vila Olímpia. Ainda na zona sul, outra árvore caiu sobre fiação, na rua Cancioneiro de Évora, na Chácara Santo Antonio. O CGE registrou 52 pontos de alagamento até as 23h. A cidade entrou em estado de atenção a partir das 15h e, por volta das 21h30, voltou ao estado de observação. Às 18h, havia 143 km de congestionamento (a média para o horário é de 65 km). O pior ponto era na pista expressa da marginal Pinheiros, com 7,7 km de lentidão. A CET precisou fazer uma operação comporta (que controla a entrada de veículos) no túnel Ayrton Senna 1, na região do parque Ibirapuera. Ocorreu um problema na ventilação do local e, caso não o tráfego não fosse controlado, os motoristas poderiam passar mal dentro do túnel por falta de ventilação. O prefeito Gilberto Kassab (PFL) disse que a prefeitura tomou medidas para prevenir enchentes, como limpar bueiros e bocas-de-lobo e garantir o desassoreamento dos piscinões. Porém, segundo ele, as chuvas dos últimos dias superam as de todos os anos anteriores. "Em novembro choveu 50% a mais do que a média histórica do mês e três vezes mais do que em 2005", disse Kassab. Procurado, o governador eleito, José Serra (PSDB), não quis se manifestar sobre o temporal. Ele estava no escritório da transição, na região central, no horário do temporal. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que passou a tarde no escritório do Instituto Teotônio Vilela, na zona oeste, não respondeu aos recados. Hoje, a previsão é de pancadas de chuva no final da tarde.


Colaboraram KLEBER TOMAZ e CATIA SEABRA , da Reportagem Local


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