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Zona sul tem 2ª enchente em 5 dias
A região do shopping Morumbi, que enfrentou alagamento na quinta, voltou a ficar debaixo d'água ontem
O vendedor Carlos Eduardo Gomes levou uma hora e meia à noite para localizar
o seu carro, que tinha
ficado encoberto pela água
DA REPORTAGEM LOCAL
A rotina de ver carros serem
levados pela correnteza, levantar produtos para que não molhem e presenciar a água atingir até dois metros de altura está ficando cada vez mais comum para os moradores e trabalhadores da área no entorno
do Morumbi Shopping, na zona
sul de São Paulo.
Apenas quatro dias após a última enchente, ontem as ruas
da área voltaram a ficar completamente alagadas. O vendedor Carlos Eduardo Gomes,
que trabalha no shopping, tentou pegar o carro às 20h30 na
rua onde estacionara, mas não
o encontrou. Só as 22h conseguiu enxergar o veículo, que ficou coberto de água até o teto.
Enquanto o carro era guinchado, a água ainda vazava pelo escapamento. "Estimo um prejuízo de R$ 2.000", afirmou.
Para José Luiz Delegais, gerente de um posto de gasolina
BR da rua Chafic Maluf, a chuva
de ontem foi pior do que a da
semana passada. "Dessa vez,
chegou a cobrir os carros. Os
veículos estacionados na área
saíram boiando", conta. Entretanto, com a experiência recente ele lembrou de levantar os
computadores das ilhas de
abastecimento para evitar que
ficassem danificados.
Na última quinta-feira, a enchente danificou as ilhas, levou
cerca de 150 produtos (que saíram boiando) e manteve o posto fechado até depois das 16h.
Para Delegais, ontem o maior
transtorno foi novamente ficar
com o posto fechado. "Desde as
16h estamos sem abastecer",
disse ele, por volta das 20h. Até
as 22h o posto não havia sido
reaberto -havia risco de ter
entrado água no reservatório
do combustível.
Delegais reclama que a água
dessa vez demorou mais para
abaixar -levou mais de uma
hora para escoar. "Liguei para a
prefeitura reclamando de um
bueiro entupido após a chuva
de quinta-feira e me deram um
protocolo, mas falaram que podia levar de um a 40 dias para
ser atendido", disse.
Quem lucrou ontem foram as
empresas de guincho -somente na rua Chafic Maluf havia
seis carros aguardando ajuda.
E quem preferiu esperar a
chuva diminuir para ir embora
do trabalho não se safou dos
problemas. Foi o caso de Carlos
Miranda, 32, que trabalha com
marketing. "A água já abaixou,
mas o trânsito continua caótico", disse ele, que circulava pela
zona sul para voltar para casa.
Nos pontos de ônibus, a reclamação unânime era a demora.
Na sexta-feira passada, após
a grande inundação da zona sul,
o prefeito Gilberto Kassab
(PFL) esteve no piscinão Jabaquara, localizado nessa região,
para uma vistoria. Entretanto,
enquanto 50 funcionários limpavam o reservatório, era visível a grande quantidade de lixo
e entulho no córrego Águas Espraiadas, que é vizinho ao piscinão e o abastece.
Zona norte
Muitos estudantes da Unisantana, que fica próxima à
ponte das Bandeiras, na marginal Tietê (zona norte), resolveram antecipar a saída da faculdade por conta da chuva e da
ameaça de transbordamento
do rio. "É sempre assim quando
chove. Ou os professores nos liberam mais cedo ou vamos embora por conta própria", disse a
estudante Marlene Biscaia, 23,
enquanto saía com seu carro.
Durante toda a semana a cidade de São Paulo deve ter pancadas de chuva. Até sexta-feira,
segundo o Cptec (Centro de
Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos), os dias devem ser
nublados e com precipitação.
Os motivos são a alta temperatura e as áreas de instabilidade
que se formam.
(KLEBER TOMAZ E AFRA BALAZINA)
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