São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Zona sul tem 2ª enchente em 5 dias

A região do shopping Morumbi, que enfrentou alagamento na quinta, voltou a ficar debaixo d'água ontem

O vendedor Carlos Eduardo Gomes levou uma hora e meia à noite para localizar o seu carro, que tinha ficado encoberto pela água

DA REPORTAGEM LOCAL

A rotina de ver carros serem levados pela correnteza, levantar produtos para que não molhem e presenciar a água atingir até dois metros de altura está ficando cada vez mais comum para os moradores e trabalhadores da área no entorno do Morumbi Shopping, na zona sul de São Paulo.
Apenas quatro dias após a última enchente, ontem as ruas da área voltaram a ficar completamente alagadas. O vendedor Carlos Eduardo Gomes, que trabalha no shopping, tentou pegar o carro às 20h30 na rua onde estacionara, mas não o encontrou. Só as 22h conseguiu enxergar o veículo, que ficou coberto de água até o teto. Enquanto o carro era guinchado, a água ainda vazava pelo escapamento. "Estimo um prejuízo de R$ 2.000", afirmou.
Para José Luiz Delegais, gerente de um posto de gasolina BR da rua Chafic Maluf, a chuva de ontem foi pior do que a da semana passada. "Dessa vez, chegou a cobrir os carros. Os veículos estacionados na área saíram boiando", conta. Entretanto, com a experiência recente ele lembrou de levantar os computadores das ilhas de abastecimento para evitar que ficassem danificados.
Na última quinta-feira, a enchente danificou as ilhas, levou cerca de 150 produtos (que saíram boiando) e manteve o posto fechado até depois das 16h.
Para Delegais, ontem o maior transtorno foi novamente ficar com o posto fechado. "Desde as 16h estamos sem abastecer", disse ele, por volta das 20h. Até as 22h o posto não havia sido reaberto -havia risco de ter entrado água no reservatório do combustível.
Delegais reclama que a água dessa vez demorou mais para abaixar -levou mais de uma hora para escoar. "Liguei para a prefeitura reclamando de um bueiro entupido após a chuva de quinta-feira e me deram um protocolo, mas falaram que podia levar de um a 40 dias para ser atendido", disse.
Quem lucrou ontem foram as empresas de guincho -somente na rua Chafic Maluf havia seis carros aguardando ajuda.
E quem preferiu esperar a chuva diminuir para ir embora do trabalho não se safou dos problemas. Foi o caso de Carlos Miranda, 32, que trabalha com marketing. "A água já abaixou, mas o trânsito continua caótico", disse ele, que circulava pela zona sul para voltar para casa. Nos pontos de ônibus, a reclamação unânime era a demora.
Na sexta-feira passada, após a grande inundação da zona sul, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) esteve no piscinão Jabaquara, localizado nessa região, para uma vistoria. Entretanto, enquanto 50 funcionários limpavam o reservatório, era visível a grande quantidade de lixo e entulho no córrego Águas Espraiadas, que é vizinho ao piscinão e o abastece.

Zona norte
Muitos estudantes da Unisantana, que fica próxima à ponte das Bandeiras, na marginal Tietê (zona norte), resolveram antecipar a saída da faculdade por conta da chuva e da ameaça de transbordamento do rio. "É sempre assim quando chove. Ou os professores nos liberam mais cedo ou vamos embora por conta própria", disse a estudante Marlene Biscaia, 23, enquanto saía com seu carro.
Durante toda a semana a cidade de São Paulo deve ter pancadas de chuva. Até sexta-feira, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), os dias devem ser nublados e com precipitação. Os motivos são a alta temperatura e as áreas de instabilidade que se formam. (KLEBER TOMAZ E AFRA BALAZINA)


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