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OLINDA RODRIGUES SAMPAIO (1911-2008)
Modesta, mas pioneira na psicologia
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Olinda Sampaio provavelmente ficaria brava se um
texto sobre ela fosse publicado no jornal. "Era muito modesta, não gostava de aparecer", lembra o sobrinho.
Nascida em Descalvado,
no interior de SP, morou um
tempo em São Carlos. O pai
era dono de uma selaria e
morreu cedo após perder tudo o que tinha. Eram pobres.
A comida vinha do que era
produzido no quintal de casa. "De que vale ser rica, se os
ricos que conheci morreram
aos 50 anos", brincava.
Dona Olinda viveu até terça, quando morreu aos 97, na
capital, de insuficiência cardíaca, sem deixar filhos.
Ainda que modesta, foi
uma das primeiras a trabalhar com psicologia no país.
Na casa dos 30, veio a SP,
onde trabalhou como professora primária. Fez um curso
de nutrição oferecido pelo
Hospital das Clínicas.
Nos anos 40, foi convidada
por Durval Marcondes (considerado o precursor da psicanálise no Brasil) a fazer
trabalhos com crianças para
um órgão de higiene mental
ligado ao governo do Estado.
Chegou a se formar em
ciências sociais e, na década
de 60, quando o trabalho de
psicólogo foi regulamentado,
adquiriu registro profissional após um curso na PUC.
Aposentada, manteve uma
clínica. Há 15 anos, começou
a ter problemas de visão e audição -era sua tristeza. Mesmo assim, saia à rua e deixava os taxistas impressionados ao indicar rotas como se
as estivesse vendo.
obituario@grupofolha.com.br
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