São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

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TERCEIRA IDADE

Aposentada, que morreu ontem, foi achada desnutrida em casa no dia em que estatuto entrou em vigor

Filho é acusado de maus-tratos contra idosa

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

No mesmo dia em que entrou em vigor o Estatuto do Idoso, a Polícia Civil instaurou inquérito contra um homem por submeter a própria mãe a maus-tratos, em Felixlândia (MG).
O lavrador Bento da Silva, 38, pode ser o primeiro brasileiro indiciado com base no estatuto -que começou a vigorar no sábado- e receber pena de até 12 anos de reclusão. Ele é acusado pela polícia de maus-tratos contra Idalina da Silva, 73.
A aposentada foi encontrada pela polícia em situação degradante dentro da casa onde morava, na zona rural do município, e morreu na manhã de ontem.
Segundo Geraldo Magela Frutuoso dos Santos, delegado titular de Curvelo (MG), para onde o caso foi encaminhado, a polícia chegou à propriedade rural onde Silva morava com a mãe após uma denúncia anônima na sexta-feira.
A aposentada foi encontrada deitada em uma cama, aparentemente desnutrida, desidratada, com restos de comida em suas roupas e várias feridas. De acordo com os policiais que estiveram no local, ela tinha também larvas de insetos espalhadas pelo corpo.
Idalina foi levada ainda na noite de sexta para o hospital da cidade, onde entrou em coma. Na manhã de ontem, após sofrer uma parada respiratória, morreu. O filho da aposentada foi detido no sábado, mas liberado no mesmo dia.
Segundo vizinhos disseram à polícia, havia dois meses que a aposentada não era vista.
Para o delegado, se for comprovada a negligência de Silva em cuidar da mãe, ele pode responder a processo com base no Estatuto do Idoso. O artigo 99 do documento determina pena de reclusão de um a 12 anos para o crime de maus-tratos.
À polícia, Silva disse nunca ter deixado de alimentar e assistir a mãe, e que ela se negava a comer.
Outros dois casos de agressão a idosos já foram registrados em 2004, ambos com morte.
No Rio, um jovem foi preso acusado de participação na morte de um homem de 60 anos, deficiente mental, anteontem.
Em Goiânia, no dia 1º -dois dias antes de o estatuto entrar em vigor-, João Gonçalves Damaceno Filho, 72, foi agredido por um rapaz e morreu vítima de parada respiratória após reclamar do volume do som de uma casa vizinha.

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