São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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Tempero de salada vira ameaça

especial para a Folha

Temperar verduras com vinagre em uma saladeira ou espremer algumas laranjas numa jarra vitrificada pode ser arriscado para a saúde.
Os recipientes de cerâmica vitrificada, como travessas, saladeiras e jarros, são feitos num processo que incorpora chumbo a eles.
Alguns produtos de uso comum na cozinha, como vinagre e sucos de frutas cítricas, têm uma reação química com o chumbo.
"Sabe-se que os metais pesados se dissolvem melhor em meio ácido. Uma salada temperada com vinagre ou um suco de frutas cítricas podem fazer com que o chumbo migre para o alimento, quando o recipiente é de baixa qualidade", afirma a pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz, Maria Cecília Depieri Nunes.
"Ainda hoje muitas pessoas se preocupam apenas com o alimento em si e se esquecem da embalagem", diz.
Toda embalagem de alimento, desde um papel de bombom até uma mamadeira, tem um registro no Ministério da Saúde. Para obter esse registro, as indústrias de embalagens e recipientes submetem seus produtos à inspeção de laboratórios vinculados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
O Instituto Adolfo Lutz de São Paulo é um desses laboratórios. "Cerca de 80% das embalagens que analisamos são aprovadas nos testes de migração de substâncias", diz Maria Cecília.
Os 20% reprovados podem ser vetados para uso em qualquer alimento ou liberados para apenas alguns tipos. "Isso depende do solvente (ácido, gordura ou água) em que a substância tóxica migrou em maior quantidade", afirma a pesquisadora.
Quando reprovado nos exames de inspeção, o recipiente recebe um laudo que aponta as disfunções encontradas.
"O fabricante tenta resolver o problema, revendo todo o processo tecnológico de produção da embalagem", diz Maria Cecília.
Não existe um limite de análises a que as embalagens podem ser submetidas até conseguir o registro no Ministério da Saúde.
As causas mais frequentes de reprovação são migração de substâncias acima do permitido por lei, pigmentos acima do limite aceitável e coloração que passa para o alimento.
O registro obtido no Ministério da Saúde tem validade de cinco anos.
Um problema são os produtos fabricados em outros países, nem sempre submetidos a análises. "Nós não sabemos se os produtos da China, Taiwan e de outros países que produzem recipientes de "R$ 1,99" são aprovados de acordo com os nossos critérios de controle", afirma Maria Cecília.
Outra questão que a pesquisadora aponta como preocupante são as embalagens recicláveis ou retornáveis, como as garrafas plásticas de refrigerantes.
"Reciclar é bom para o meio ambiente, mas é preciso rigor na coleta seletiva do lixo para não haver contaminação."


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