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Tempero de salada vira ameaça
especial para a Folha
Temperar verduras com vinagre em uma saladeira ou espremer algumas laranjas numa jarra
vitrificada pode ser arriscado para
a saúde.
Os recipientes de cerâmica vitrificada, como travessas, saladeiras
e jarros, são feitos num processo
que incorpora chumbo a eles.
Alguns produtos de uso comum
na cozinha, como vinagre e sucos
de frutas cítricas, têm uma reação
química com o chumbo.
"Sabe-se que os metais pesados
se dissolvem melhor em meio ácido. Uma salada temperada com
vinagre ou um suco de frutas cítricas podem fazer com que o
chumbo migre para o alimento,
quando o recipiente é de baixa
qualidade", afirma a pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz, Maria
Cecília Depieri Nunes.
"Ainda hoje muitas pessoas se
preocupam apenas com o alimento em si e se esquecem da embalagem", diz.
Toda embalagem de alimento,
desde um papel de bombom até
uma mamadeira, tem um registro
no Ministério da Saúde. Para obter esse registro, as indústrias de
embalagens e recipientes submetem seus produtos à inspeção de
laboratórios vinculados à Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.
O Instituto Adolfo Lutz de São
Paulo é um desses laboratórios.
"Cerca de 80% das embalagens
que analisamos são aprovadas
nos testes de migração de substâncias", diz Maria Cecília.
Os 20% reprovados podem ser
vetados para uso em qualquer alimento ou liberados para apenas
alguns tipos. "Isso depende do
solvente (ácido, gordura ou água)
em que a substância tóxica migrou em maior quantidade", afirma a pesquisadora.
Quando reprovado nos exames
de inspeção, o recipiente recebe
um laudo que aponta as disfunções encontradas.
"O fabricante tenta resolver o
problema, revendo todo o processo tecnológico de produção da
embalagem", diz Maria Cecília.
Não existe um limite de análises
a que as embalagens podem ser
submetidas até conseguir o registro no Ministério da Saúde.
As causas mais frequentes de reprovação são migração de substâncias acima do permitido por
lei, pigmentos acima do limite
aceitável e coloração que passa
para o alimento.
O registro obtido no Ministério
da Saúde tem validade de cinco
anos.
Um problema são os produtos
fabricados em outros países, nem
sempre submetidos a análises.
"Nós não sabemos se os produtos
da China, Taiwan e de outros países que produzem recipientes de
"R$ 1,99" são aprovados de acordo
com os nossos critérios de controle", afirma Maria Cecília.
Outra questão que a pesquisadora aponta como preocupante
são as embalagens recicláveis ou
retornáveis, como as garrafas
plásticas de refrigerantes.
"Reciclar é bom para o meio
ambiente, mas é preciso rigor na
coleta seletiva do lixo para não haver contaminação."
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