São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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Leonardo, 18, não tem mais sonhos

da Sucursal do Rio
Leonardo Silva de Souza, 18, abandonou a escola na quinta série. Queria ser jogador de futebol. Treinava numa escolinha do morro do Urubu, em Pilares (zona norte). O treinador sumiu, e o sonho do futebol se foi.
Leo pensou então no Exército. Ganharia uma farda, uma arma e um salário para ajudar a mãe, faxineira. Alistou-se e foi recusado por excesso de contingente.
Os traficantes do morro já o convidaram para entrar "no movimento". Não quis. "A gente só faz é morrer."
Já foi detido pela polícia, acusado de traficar drogas. Uma conhecida do morro o salvou.
Conseguiu um emprego para carregar entulho de uma obra da Prefeitura do Rio na urbanização do morro. Nem fez ainda a conta de quanto ganha. Quando sai da obra, solta pipa na rua.
"Agora não tenho mais sonho de nada, já estou velho. Já consegui esse trabalho de carregar entulho, então quero só ficar soltando pipa."
Leo nunca foi ao cinema, nunca leu um livro, nunca fez curso algum. Não lembra em quem votou para governador, só para deputado estadual. Para presidente, votou em Enéas (Prona), para acompanhar a mãe.
Não consegue pensar no que quer para o futuro. Para não ser fotografado pela Folha, fugiu e embrenhou-se pelas vielas do morro. "Não tenho mais sonho de nada, já disse, estou velho." (FE)




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