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Cleveland sonha ser desenhista
da Sucursal do Rio
Cleveland de França Pereira, 18,
morador do morro do Urubu, em
Pilares (zona norte do Rio de Janeiro), perdia madrugadas inteiras pichando os muros dos subúrbios vizinhos, na região norte da
cidade.
Quando brigava com o pai, saía
para pichar. Quando ia mal na escola, idem. Quando o irmão
-traficante no mesmo morro-,
foi assassinado pelos comparsas,
saiu para pichar.
Quando era apanhado pela polícia, conta, era obrigado a raspar
com a mão a tinta dos muros.
Revolta
"Eles ameaçavam pintar a bunda da gente. Aí, a gente saía correndo", lembra.
Cleveland diz que costumava
sujar os muros alheios para "matar a revolta".
Como resultado, acabou se atrasando na escola e só no ano passado o adolescente concluiu o ensino básico (8ª série).
Cansado de correr da polícia, às
escondidas, durante as madrugadas, e de não fazer nada nas ruas
do morro durante o dia, Cleveland aceitou o convite de Bruno
Gonçalves da Silva, vizinho do
morro, para criar um grupo de
grafiteiros.
Agora, em vez de se esconder,
sonha: quer ser grafiteiro profissional e desenhista de história em
quadrinhos.
"Não quero acabar como o meu
irmão, que queria ficar rico e acabou morrendo no tráfico", afirma.
(FE)
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