São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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Cleveland sonha ser desenhista

da Sucursal do Rio
Cleveland de França Pereira, 18, morador do morro do Urubu, em Pilares (zona norte do Rio de Janeiro), perdia madrugadas inteiras pichando os muros dos subúrbios vizinhos, na região norte da cidade.
Quando brigava com o pai, saía para pichar. Quando ia mal na escola, idem. Quando o irmão -traficante no mesmo morro-, foi assassinado pelos comparsas, saiu para pichar.
Quando era apanhado pela polícia, conta, era obrigado a raspar com a mão a tinta dos muros.

Revolta
"Eles ameaçavam pintar a bunda da gente. Aí, a gente saía correndo", lembra.
Cleveland diz que costumava sujar os muros alheios para "matar a revolta".
Como resultado, acabou se atrasando na escola e só no ano passado o adolescente concluiu o ensino básico (8ª série).
Cansado de correr da polícia, às escondidas, durante as madrugadas, e de não fazer nada nas ruas do morro durante o dia, Cleveland aceitou o convite de Bruno Gonçalves da Silva, vizinho do morro, para criar um grupo de grafiteiros.
Agora, em vez de se esconder, sonha: quer ser grafiteiro profissional e desenhista de história em quadrinhos.
"Não quero acabar como o meu irmão, que queria ficar rico e acabou morrendo no tráfico", afirma. (FE)


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