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VIOLÊNCIA
Armado, jovem de 17 anos assassinou garoto na rua e estudante em escola de informática na cidade de Remanso
Na Bahia, adolescente mata dois, fere dois e se declara terrorista
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Armado com um revólver 38,
um estudante de 17 anos provocou pânico na cidade de Remanso
(700 km de Salvador) anteontem
à noite. Ele é acusado de matar
duas pessoas e ferir outras duas.
Preso em flagrante, o estudante
disse, em depoimento, que é simpatizante de terroristas islâmicos
-chegou a citar Osama bin Laden em seu depoimento- e que
sua intenção era matar "pelo menos cem pessoas".
O ataque de fúria do estudante
começou às 19h. Ele pagou R$ 2
para um motoboy o levar ao centro da cidade, que tem, segundo
dados do Censo 2000, cerca de 36
mil habitantes e é uma das mais
afetadas pelas chuvas que atingem a Bahia há quase um mês.
No centro, atirou na primeira
pessoa que viu pela frente, o também estudante Farlley Bastos Almeida, 13. Atingido no peito e na
cabeça, Almeida morreu na hora.
Em seguida, com a arma apontada para a cabeça do motoboy, o
estudante exigiu que ele o levasse
até a única escola de informática
do município.
Às 19h30, com a arma escondida sob uma camisa folgada, ele
subiu os 18 degraus que dão acesso à escola e começou a atirar.
Àquela hora, 23 pessoas estavam
dentro da escola.
Atingida no peito, Ana Paula
Feitosa de Almeida, 23, aluna da
escola, morreu na hora. Outras
duas pessoas foram feridas com
gravidade -a funcionária da unidade Francisca Alves Rodrigues,
40, e a aluna Maria Dulce Ribeiro
Silva, 28. Até ontem à tarde, as
duas continuavam internadas.
Temendo ser atingida, a estudante Mayanne Santos, 24, pulou
de uma janela, a uma altura de
três metros. Na queda, sofreu fratura exposta na perna.
Prisão
Depois de descarregar o revólver dentro da escola de informática -três computadores e duas
impressoras também foram destruídos-, o rapaz foi dominado
por dois alunos.
Às 20h10, avisados pelo motoboy que transportou o adolescente até a escola de informática, cinco policiais chegaram ao local e o
prenderam.
Depois de passar a noite isolado
em uma cela, o estudante apresentou ao delegado Reginaldo César Cabral de Lima, 30, uma carta.
"No texto, ele se considera um
terrorista brasileiro, disposto a
matar muita gente para ficar na
história", disse o delegado.
De acordo com o delegado, o estudante também afirmou que estava disposto a se matar, após cometer os crimes.
Em seu depoimento à PM, o estudante se apresentou como uma
"pessoa isolada". "Não tenho nenhum arrependimento do que
fiz", disse à polícia o estudante,
que está matriculado no 3º ano do
ensino médio em uma escola pública da cidade.
Advogada
Ontem à tarde, a advogada Maria Teresa Figueiredo, 40, responsável pela defesa do acusado, não
quis comentar o caso. "Antes de
falar qualquer coisa, quero analisar o depoimento e conversar
com o meu cliente."
O delegado Lima disse que o estudante vai continuar detido em
uma cela individual. Por ser menor, deve responder a processo
com base no ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente), que
prevê punição máxima de três
anos de internamento.
Segundo Lima, o inquérito deverá ser concluído até o final da
próxima semana. "Depois, o estudante já estará à disposição do
Ministério Público."
De acordo com a polícia, até
matar duas pessoas e ferir outras
duas, o estudante tinha um comportamento considerado normal.
"Ele sempre foi muito introvertido, só isso", disse o delegado.
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