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AMBIENTE
No ano passado, a Cetesb constatou aumento da poluição em 36 praias; falta de rede de esgoto é o principal problema
Água piora no litoral norte durante 2003
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
CAROL FREDERICO
DAS REGIONAIS
A qualidade da água nas praias
do litoral norte paulista voltou a
cair em 2003, após dois anos de
evolução positiva das condições
de balneabilidade, segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental).
Das 184 praias dos quatro municípios do litoral norte, a Cetesb
avalia 80 pontos -em 36 deles, o
nível de poluição, que indica a
presença de agentes causadores
de doenças, aumentou no ano
passado em relação a 2002.
Em 2003, foram 17 praias com
classificação ótima -contra 35
no ano anterior-, 23 boas
-eram 25- e 32 regulares -20
a mais do que em 2002.
O número de praias com qualidade má (cinco) e sistematicamente boa (três) se manteve no
período comparado.
A relativa melhora desde 2001
poderia estar sendo causada pelos
baixos índices de chuva, o que
não ocorreu em 2003, segundo
Eduardo Mazzolenis de Oliveira,
gerente do departamento de tecnologia de águas superficiais.
O motivo é que a chuva faz a lavagem da terra e carrega poluentes para o mar. "Uma chuva forte,
concentrada, polui a água, como
ocorreu em Maresias e Toque-Toque Pequeno [São Sebastião] no
ano passado", diz Oliveira.
Portanto, a principal causa da
queda na qualidade das praias está relacionada ao tratamento do
esgoto -ou à falta de uma rede.
Isso porque, nas quatro cidades
do litoral norte, apenas 34% dos
imóveis estão ligados à rede da Sabesp (Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo).
Em 1994, apenas 8% eram atendidos. Segundo a empresa, um investimento de R$ 300 milhões foi
feito nos últimos oito anos.
A luta pela implantação das redes de esgoto não é recente. Em
Ilhabela, cuja Câmara divulgou
ontem uma moção de repúdio à
Sabesp reclamando mais investimentos e agilidade nas obras da
rede de esgoto, apenas 5% dos
imóveis estão ligados à rede.
"Desde 1972, há um contrato assinado que responsabiliza a Sabesp pelo serviço de abastecimento de água e de tratamento de esgoto. Quanto ao abastecimento,
temos mais de 90% de atendimento, mas queremos mais investimentos na rede de esgoto",
diz o prefeito da cidade, Manoel
Marcos de Jesus Ferreira (PTB),
42. As obras da Sabesp em Ilhabela estão paralisadas.
Caraguatatuba é, entre as quatro cidades, a que tem mais adiantada a implantação de seu sistema
de saneamento. São duas estações
de tratamento já em funcionamento, além de uma em fase de
pré-operação e outra, em Porto
Novo, ainda em construção.
Na cidade, apenas cerca de 35%
dos imóveis estão conectados à
rede de esgoto. "Até 1997, não tínhamos nem 10% dos imóveis
atendidos por rede de esgoto",
afirma Auracy Mansano, 38, secretário de Meio Ambiente de Caraguatatuba.
Sabesp
A Sabesp informou que, graças
aos investimentos feitos nos últimos anos, o número de imóveis
atendidos por redes de esgoto no
litoral norte subiu de 6%, em 94,
para os 34% atuais.
A empresa informou que questões administrativas, como a liberação de áreas para a construção
de estações e a adequação às novas normas ambientais, têm atrapalhado as obras.
Um outro fator que contribui
para a piora da qualidade das
praias, segundo a empresa, é que
há locais com rede implantada
que não usam toda a capacidade,
pois falta a adesão da população.
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