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RIO
O estudante estava na prisão, em Cabo Frio, havia seis dias
Laudo indica que lesão ocorreu até 24 horas antes da morte de jovem
TALITA FIGUEIREDO
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O universitário Rômulo Batista
de Melo morreu em conseqüência
de traumatismo craniano e hemorragia cerebral provocados até
24 horas antes de sua morte. A informação está no laudo do IML
divulgado ontem. O rapaz apresentava ainda uma lesão no lado
direito no rosto.
Nas 24 horas que antecederam a
morte de Melo, ele esteve na 126ª
DP (Delegacia de Polícia), em Cabo Frio (a 154 km da capital), e no
carro da delegacia que o levaria a
um hospital psiquiátrico no Rio.
Como o estudante passou mal
na viagem, segundo os policiais
da escolta, o carro parou no Hospital Modesto Leal, no município
de Maricá (a 60 km do Rio). O
hospital registra a chegada do
preso às 15h11, desacordado. Ele
morreu às 17h40. Tinha 21 anos.
De acordo com o coordenador
da Polícia Técnica da Secretaria
de Segurança Pública do Estado,
Roger Ancilotti, o laudo descarta
a hipótese, apresentada por policiais da 126ª DP, de que a vítima
teria se ferido ao ser presa, seis
dias antes da morte.
Os policiais disseram que Melo,
muito agitado, reagira à prisão. O
laudo indica que ele tinha escoriações nas costas e nos tornozelos
provavelmente provocadas no
momento em que foi preso.
"Não foram essas escoriações
que provocaram a morte dele. A
lesão fatal era bem recente", afirmou o coordenador.
Segundo Ancilotti, não há como
saber qual a "ação contundente"
que resultou na lesão cerebral. O
rapaz pode ter batido a cabeça na
"parede, em uma grade ou apanhado com um porrete".
A polícia informou que foram
encontradas manchas no carro
que conduziu o estudante. O carro será periciado para saber se as
manchas são de sangue.
Autolesão
O corregedor-geral das polícias,
delegado José Vercilo, afirmou
que o chefe da carceragem da 126ª
DP disse, em depoimento, que em
momento algum o universitário
se feriu sozinho dentro da cela.
Segundo Vercilo, o carcereiro
contou que Melo permaneceu
calmo o tempo todo.
O depoimento do carcereiro
contraria o que disseram os outros policiais da equipe do delegado José Omena, que foi afastado.
Eles sustentam a versão de que o
universitário se autolesionou. O
nome do chefe da carceragem não
foi divulgado pelo corregedor.
A suspeita de que o estudante
não se feriu sozinho já tinha sido
reforçada anteontem, quando 15
presos de Cabo Frio disseram a
representantes da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa não terem visto uma
situação desse tipo.
Integrantes da comissão do governo federal que investiga casos
de violência policial no Rio se reuniram ontem com os pais de Melo. Após o encontro, o chefe da
Ouvidoria da Secretaria Especial
de Direitos Humanos, Pedro
Montenegro, disse que poderá
pedir a transferência da investigação para a Polícia Federal caso
considere faltar transparência à
apuração do caso, feita pela Corregedoria da Polícia Civil.
"A tragédia que cerca a morte
desse jovem se assemelha a um
filme de horror", declarou.
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