|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Preso ordenou tumulto em Paraisópolis, diz polícia
DA REPORTAGEM LOCAL
Passados três dias dos confrontos entre um grupo de moradores da favela de Paraisópolis e a Polícia Militar, na última
segunda-feira, a Polícia Civil
recebeu informações de que a
ordem para enfrentar a polícia
partiu mesmo do detento Francisco Antonio Cesário da Silva,
32, o "Piauí", de dentro Penitenciária 1 de Mirandópolis
(594 km de SP). Essa era uma
das hipóteses para o tumulto.
"Piauí" é apontado pelos policiais como o principal chefe
da facção criminosa PCC dentro da favela da zona sul.
O confronto de segunda durou cerca de seis horas. Carros
foram incendiados, barricadas
foram montadas e três policiais
ficaram feridos. Os grupos de
moradores usaram pedras,
paus e armas de fogo.
Policiais civis ouvidos pela
Folha afirmam que "Piauí" autorizou o confronto por dois
motivos. Um deles seria sua revolta ao saber da prisão de seu
cunhado, Antonio Galdino de
Oliveira, 24, no último domingo. Familiares teriam relatado
ao preso que Oliveira foi preso
numa ação forjada por policiais
militares. Eles teriam plantado
uma arma em seu veículo porque Oliveira teria presenciado
a execução de Marcos Porcino,
25. Prisão e morte ocorreram
no último domingo.
Essa é a mesma versão que
conta a mulher de Galdino,
Francisca Cesário da Silva, 35,
irmã de "Piauí".
Outro motivo seria o descontentamento de "Piauí" com
PMs que trabalham rotineiramente na comunidade. Eles estariam cobrando "pedágio" de
pontos-de-droga dentro da favela.Moradores ouvidos pela
reportagem também reclamaram de policiais. Dizem que alguns deles, tanto militares
quanto civis, são corruptos e
extorquem dinheiro de parte
da comunidade.
A Folha apurou que o comando da PM na capital não
acredita na versão de que Porcino foi morto quando já estava
rendido. Está convencida, por
ora, que os policiais agiram
dentro da lei. Sabe, porém, que
o confronto não surgiu espontaneamente e foi organizado
por alguém. "Piauí" assumiu o
controle da favela a mando do
PCC em meados de 2003 com o
objetivo de intensificar o tráfico de drogas na região. Ele foi
preso pela PM em agosto de
2008, em um baile, usando documento falso.
Um criminoso conhecido como Vitor tentou assumir seu
lugar, mas foi preso. Atualmente o tráfico em Paraisópolis seria comandado pelo gerente de
"Piauí", conhecido como "Boneco", que dificilmente vai à favela, para não ser preso.
Procurada na noite de ontem, a Secretaria da Segurança
Pública disse não confirmar essa informação. Disse que dois
inquéritos estão em andamento, nos quais três pessoas foram ouvidas, e que todas as
possibilidades serão apuradas.
(ROGÉRIO PAGNAN e LUÍS KAWAGUTI)
Texto Anterior: Mulher morre em assalto no Alto de Pinheiros Próximo Texto: "Highlanders": Preso mais um PM suspeito de integrar o grupo Índice
|