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Para quitar dívida, o aristocrata Nacional Club vai a leilão
Por ordem da Justiça, sede em casarão suntuoso no Pacaembu será leiloada em 11 de março, com lance inicial de R$ 5 milhões
Fundado em 1958 por nomes como Ciccillo Matarazzo
e Assis Chateaubriand, clube tem dívidas com Sabesp, INSS, banco e empregados
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Símbolo da aristocracia paulistana nos anos 1950, o Nacional Club corre o risco de perder
sua sede, um casarão suntuoso
no Pacaembu, por causa de uma
dívida com a Sabesp. O prédio
vai a leilão em 11 de março, com
lance inicial de R$ 5 milhões.
Segundo o presidente Adauto Rocheto, o clube tenta na
Justiça impedir o leilão. "Há
vários equívocos. O imóvel vale
ao menos o dobro, que é muito
mais do que o valor da dívida, e
há credores preferenciais."
Rocheto diz que procurou a
Sabesp no dia 28 para propor
parcelamento da dívida, calculada por ele em R$ 200 mil e que
soube do leilão por anúncio de
jornal. "Não fomos notificados."
Em nota, a Sabesp informou
que o clube deve R$ 550 mil e
que entrou com três ações judiciais para receber o valor. "A
Justiça determinou a penhora
do imóvel", diz a nota.
As dificuldades financeiras
do Nacional não são de hoje. A
entidade amarga outras dívidas
desde 2004: R$ 1 milhão em débitos trabalhistas, cujo pagamento foi parcelado, restando
R$ 100 mil; R$ 3,5 milhões com
o INSS, também parcelados;
mais uma dívida com o Bradesco, cujo valor não foi divulgado.
Hoje, o clube tem cem sócios
-pessoas físicas e jurídicas-,
cujos títulos valem R$ 10 mil.
Em razão das dívidas foi suspensa a venda de novos títulos.
Mas boa parte da receita vem
do aluguel do espaço para eventos como casamentos, bar mitzvah e festas corporativas. O preço varia de R$ 6.000 a R$ 16 mil.
A agenda está concorrida. Abril,
por exemplo, tem só um sábado
disponível, e já estão sendo feitos contratos para 2011.
Fundado em 1958 por representantes da alta sociedade, como Ciccillo Matarazzo, Assis
Chateaubriand e Amador
Aguiar, o clube ainda conserva
o glamour. Nos amplos salões,
distribuídos em 2.500 m2 de
área construída, a decoração
austera tem lustres de cristal,
piso e paredes de mármore. O
jardim, cujo projeto original é
de Burle Marx e Di Cavalcanti,
conta com uma bela piscina,
raramente usada pelos sócios.
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