São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para quitar dívida, o aristocrata Nacional Club vai a leilão

Por ordem da Justiça, sede em casarão suntuoso no Pacaembu será leiloada em 11 de março, com lance inicial de R$ 5 milhões

Fundado em 1958 por nomes como Ciccillo Matarazzo e Assis Chateaubriand, clube tem dívidas com Sabesp, INSS, banco e empregados

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Símbolo da aristocracia paulistana nos anos 1950, o Nacional Club corre o risco de perder sua sede, um casarão suntuoso no Pacaembu, por causa de uma dívida com a Sabesp. O prédio vai a leilão em 11 de março, com lance inicial de R$ 5 milhões.
Segundo o presidente Adauto Rocheto, o clube tenta na Justiça impedir o leilão. "Há vários equívocos. O imóvel vale ao menos o dobro, que é muito mais do que o valor da dívida, e há credores preferenciais."
Rocheto diz que procurou a Sabesp no dia 28 para propor parcelamento da dívida, calculada por ele em R$ 200 mil e que soube do leilão por anúncio de jornal. "Não fomos notificados."
Em nota, a Sabesp informou que o clube deve R$ 550 mil e que entrou com três ações judiciais para receber o valor. "A Justiça determinou a penhora do imóvel", diz a nota.
As dificuldades financeiras do Nacional não são de hoje. A entidade amarga outras dívidas desde 2004: R$ 1 milhão em débitos trabalhistas, cujo pagamento foi parcelado, restando R$ 100 mil; R$ 3,5 milhões com o INSS, também parcelados; mais uma dívida com o Bradesco, cujo valor não foi divulgado.
Hoje, o clube tem cem sócios -pessoas físicas e jurídicas-, cujos títulos valem R$ 10 mil. Em razão das dívidas foi suspensa a venda de novos títulos.
Mas boa parte da receita vem do aluguel do espaço para eventos como casamentos, bar mitzvah e festas corporativas. O preço varia de R$ 6.000 a R$ 16 mil. A agenda está concorrida. Abril, por exemplo, tem só um sábado disponível, e já estão sendo feitos contratos para 2011.
Fundado em 1958 por representantes da alta sociedade, como Ciccillo Matarazzo, Assis Chateaubriand e Amador Aguiar, o clube ainda conserva o glamour. Nos amplos salões, distribuídos em 2.500 m2 de área construída, a decoração austera tem lustres de cristal, piso e paredes de mármore. O jardim, cujo projeto original é de Burle Marx e Di Cavalcanti, conta com uma bela piscina, raramente usada pelos sócios.


Texto Anterior: Discussão já está esclarecida, diz professor
Próximo Texto: Ex-secretário de Marta é condenado por improbidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.