da Sucursal de Brasília

O governo lançou ontem a campanha de combate à exploração do turismo sexual infantil afirmando que vai prender turistas e fechar hotéis ou outros estabelecimentos que insistirem em usar crianças e adolescentes como atrativos para turistas.
``Queremos mudar o perfil do turista que vem ao Brasil e dos que viajam aqui dentro. Queremos aqueles com maior poder aquisitivo, que tragam a família, e para isso iremos fechar qualquer hotel ou prender turistas que se valerem das crianças ou adolescentes'', disse Caio de Carvalho, presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo).
A campanha, que foi lançada ontem, custou ao governo cerca de R$ 400 mil e terá duração de dois meses. Além de cartazes, vídeos e outdoors, a campanha se valerá de propaganda dirigida diretamente aos turistas estrangeiros, como mensagens que serão distribuídas em vôos internacionais e embaixadas brasileiras no exterior, em inglês e espanhol.
Outra medida é o lançamento de um telefone, gratuito e nacional, para o recebimento de denúncias de turismo sexual infantil. A central tem o número 0800-99-0500 e funcionará 24 horas.
Segundo Carvalho, a central será operada por ONGs (organizações não-governamentais) ligadas à defesa da infância. A partir do recebimento da denúncia, as secretarias estaduais da Segurança serão acionadas e deverão checar se há a ocorrência de atividade ilegal.
A prioridade da campanha é para o Nordeste, para o Amazonas, o Rio de Janeiro e a cidade de Santos (SP) -apontadas como as áreas onde há mais incidência de abuso sexual de crianças e adolescentes.
Segundo levantamento de ONGs, o sexo infanto-juvenil atrai principalmente turistas da Alemanha, Suécia, França, Itália, Japão, Canadá e Estados Unidos.
``Não chegamos ao nível da Ásia, mas temos de nos preocupar com o aumento desse tipo de turismo'', disse o presidente da Embratur. Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil precisa divulgar o turismo ecológico, histórico e cultural.
``Isso (a mudança de mentalidade) vai atrair uma nova qualidade de turismo, um turismo que não seja só o lazer e, muito menos, que seja a perversão do lazer'', disse o presidente.

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