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ESTRADAS
Gestão privada completa um ano anunciando aprovação de usuários e R$ 268 mi de investimentos realizados
Via Dutra vira vitrine da privatização
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
Com uma economia de R$ 268
milhões para os cofres públicos, a
rodovia Presidente Dutra, antes
um ``queijo suíço '', foi transformada, nos últimos 12 meses, em
um cartão de visita dos benefícios
do sistema de concessões de estradas federais à iniciativa privada.
Essa foi a quantia que a empresa
NovaDutra, formada pelo consórcio vencedor da concessão da Dutra, gastou em obras de recuperação, aquisição de equipamentos
rodoviários e implantação de um
sistema de serviços aos usuários.
O retorno dos investimentos,
provenientes de capital próprio da
concessionária e de empréstimos
junto a BNDES e Banco Mundial,
virá da cobrança do pedágio.
O pedágio cobrado na Dutra,
desde agosto passado, é de R$ 2,81
para cada 100 km, para carros de
passeio. A tarifa será revista anualmente, a partir de 31 de julho deste
ano, com base numa cesta de índices da Fundação Getúlio Vargas.
Em termos de comparação, o pedágio na Dutra é mais barato do
que no complexo Anchieta-Imigrantes, que é de R$ 3,33 por cada
100 km, e do que na rodovia Ayrton Senna, onde custa R$ 7,02 por
100 km (o cálculo é feito com base
na medida padrão de 100 km, embora a rodovia seja menor), ambas
ainda nas mãos do setor público.
Segundo uma pesquisa divulgada ontem, é elevado o índice de
aprovação da entrega da administração da Dutra para a iniciativa
privada. A maioria dos usuários
(83%) qualificou de ótimo ou bom
o atual estado da Dutra.
Primeiro passo
A ``privatização'' da Dutra, no
início do ano passado, foi o primeiro passo do programa de concessões de rodovias à iniciativa
privada. Este ano, cerca de 6.000
km de rodovias serão concedidas à
iniciativa privada.
As melhorias na Dutra, já visíveis
e comprovadas pelos usuários
-média de 80 mil veículos por dia
transitam na rodovia-, estão apenas começando.
De acordo com o contrato, a NovaDutra tem de investir R$ 469 milhões até o ano 2000.
Ao fim dos 25 anos de concessão,
os investimentos em obras, como
a construção de uma nova pista no
sentido SP-RJ na descida da Serra
das Araras, e em equipamentos serão de R$ 717 milhões.
Os custos operacionais consumirão R$ 1,84 bilhão até o término
do contrato, que é em 2O21, quando a rodovia volta, de cara nova,
para as mãos do governo.
No próximo dia 28 de fevereiro, a
NovaDutra comemora um ano de
operação da Rio-SP e sete meses de
cobrança do pedágio.
Segundo a avaliação de Evandro
Celso Brito Sarubby, presidente da
NovaDutra, o balanço do primeiro
ano é ``extremamente positivo''.
``Os acionistas da NovaDutra estão buscando ganhar dinheiro
num novo negócio, mas têm uma
visão clara do comprometimento
que precisam ter ao se envolver na
prestação de um serviço público.''
Os sócios na NovaDutra, cada
um com uma participação de 25%,
são as empreiteiras Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Soveng
Civilsan e Norberto Odebrecht.
Sarubby diz que o novo negócio
de concessão do serviço público de
operação de rodovias é rentável
para a iniciativa privada a médio e
longo prazos, com o retorno do investimento a partir do sétimo ano.
Segundo Sarubby, a expectativa
da NovaDutra é obter uma taxa de
retorno da ordem de 17% a 18%
por ano a partir do sétimo ano.
Custo e benefício
Sarubby diz que não existe uma
fórmula para determinar a relação
custo-benefício de uma concessão
de operação de uma estrada.
Isso depende do investimento
necessário para a recuperação inicial da estrada.
O volume de tráfego é o fiel da
balança: é necessário um fluxo mínimo que seja capaz de gerar recursos, por meio do pedágio, para
fazer frente aos investimentos e
aos custos operacionais, amortizar
empréstimos e remunerar os concessionários.
O volume de tráfego que viabiliza a concessão da Dutra é de uma
média diária entre 70 mil a 80 mil
veículos. Em dezembro, essa média foi de 100 mil veículos.
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