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TRANSPORTE
Praticamente não houve disputa na licitação de ônibus promovida pela prefeitura; vencedores já dominam o setor
Novo sistema manterá atuais empresários
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo não
conseguiu trazer empresas de
ônibus de fora da capital paulista
para disputar a licitação do transporte e deverá manter, no futuro
modelo do setor, quase todos os
empresários que já operam hoje.
A confirmação do que as viações paulistanas previam veio ontem, com a abertura dos nove envelopes entregues na última sexta-feira para disputar as oito áreas
que estão sob concessão.
A composição dos consórcios
que apresentaram as propostas é
quase idêntica à atual. O líder do
transporte urbano em São Paulo,
José Ruas Vaz, manteve-se nas
quatro áreas em que já opera, com
mais de 30% da frota da cidade.
A única "disputa" de preços pode se dar na área cinco, que teve
dois envelopes entregues: um de
Ruas e um de Jorge Nakano, ex-dono da Transdaotro, que também participa da área sete com a
AAL. Mas a Folha apurou que deve haver um acordo entre eles.
Além de não obter uma alteração significativa dos operadores, a
gestão Marta Suplicy (PT) ainda
poderá ter uma "surpresa" ao
abrir as propostas comerciais
-daqui a duas semanas.
Empresários ouvidos pela reportagem dizem que a orientação
do setor foi para que as viações
apresentassem valores de remuneração "viáveis", independentemente do limite fixado no edital
-entre R$ 0,7114 e R$ 1,1465 por
passageiro transportado. Se confirmada, essa situação deixaria a
concorrência sem empresas classificadas, obrigando a prefeitura a
reabrir negociações.
O secretário Jilmar Tatto
(Transportes) evitou reconhecer
ontem a frustração pelos resultados iniciais da licitação, que é preparada há mais de dois anos.
Tatto disse ter considerado positivas as propostas apresentadas
e que "a parte bichada ficou de fora". "O risco era de os maus empresários entrarem na licitação",
afirmou ele, em referência a Romero Niquini e à viação Cidade
Tiradentes -controlada inicialmente por Leonardo Capuano e
depois por Samy Jaroviski.
Essa ausência, entretanto, não
significa mudança em relação à situação atual, já que eles não estavam mais operando: Niquini teve
seus contratos rompidos em setembro de 2002, Capuano vendeu
suas empresas de ônibus há quatro meses e Jaroviski está preso.
O secretário afirmou ainda que,
se os valores ofertados forem superiores aos limites do edital, a
prefeitura poderá, por exemplo,
abrir uma nova licitação, negociar
para que a empresa apresente
uma nova proposta, dar um novo
prazo ou convidar alguém para
prestar esse serviço sem licitação.
Tatto também não descarta distribuir as linhas entre os perueiros
ou deixá-las com a prefeitura.
O secretário dos Transportes,
que antes comemorava a suposta
vinda de viações de outros Estados, ressalvou ontem que uma alteração dessas poderia não melhorar os ônibus paulistanos. "O
fato de ter gente de fora não significa necessariamente que eles
iriam operar bem."
Tatto também soltou um breve
elogio às empresas de São Paulo.
"Eu acredito que está havendo
uma mudança de comportamento por parte desses empresários",
disse ele, que já chegou a responsabilizar esses grupos por locautes
(greve incentivada por patrões).
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