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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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TRANSPORTE

Praticamente não houve disputa na licitação de ônibus promovida pela prefeitura; vencedores já dominam o setor

Novo sistema manterá atuais empresários

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo não conseguiu trazer empresas de ônibus de fora da capital paulista para disputar a licitação do transporte e deverá manter, no futuro modelo do setor, quase todos os empresários que já operam hoje.
A confirmação do que as viações paulistanas previam veio ontem, com a abertura dos nove envelopes entregues na última sexta-feira para disputar as oito áreas que estão sob concessão.
A composição dos consórcios que apresentaram as propostas é quase idêntica à atual. O líder do transporte urbano em São Paulo, José Ruas Vaz, manteve-se nas quatro áreas em que já opera, com mais de 30% da frota da cidade.
A única "disputa" de preços pode se dar na área cinco, que teve dois envelopes entregues: um de Ruas e um de Jorge Nakano, ex-dono da Transdaotro, que também participa da área sete com a AAL. Mas a Folha apurou que deve haver um acordo entre eles.
Além de não obter uma alteração significativa dos operadores, a gestão Marta Suplicy (PT) ainda poderá ter uma "surpresa" ao abrir as propostas comerciais -daqui a duas semanas.
Empresários ouvidos pela reportagem dizem que a orientação do setor foi para que as viações apresentassem valores de remuneração "viáveis", independentemente do limite fixado no edital -entre R$ 0,7114 e R$ 1,1465 por passageiro transportado. Se confirmada, essa situação deixaria a concorrência sem empresas classificadas, obrigando a prefeitura a reabrir negociações.
O secretário Jilmar Tatto (Transportes) evitou reconhecer ontem a frustração pelos resultados iniciais da licitação, que é preparada há mais de dois anos.
Tatto disse ter considerado positivas as propostas apresentadas e que "a parte bichada ficou de fora". "O risco era de os maus empresários entrarem na licitação", afirmou ele, em referência a Romero Niquini e à viação Cidade Tiradentes -controlada inicialmente por Leonardo Capuano e depois por Samy Jaroviski.
Essa ausência, entretanto, não significa mudança em relação à situação atual, já que eles não estavam mais operando: Niquini teve seus contratos rompidos em setembro de 2002, Capuano vendeu suas empresas de ônibus há quatro meses e Jaroviski está preso.
O secretário afirmou ainda que, se os valores ofertados forem superiores aos limites do edital, a prefeitura poderá, por exemplo, abrir uma nova licitação, negociar para que a empresa apresente uma nova proposta, dar um novo prazo ou convidar alguém para prestar esse serviço sem licitação.
Tatto também não descarta distribuir as linhas entre os perueiros ou deixá-las com a prefeitura.
O secretário dos Transportes, que antes comemorava a suposta vinda de viações de outros Estados, ressalvou ontem que uma alteração dessas poderia não melhorar os ônibus paulistanos. "O fato de ter gente de fora não significa necessariamente que eles iriam operar bem."
Tatto também soltou um breve elogio às empresas de São Paulo. "Eu acredito que está havendo uma mudança de comportamento por parte desses empresários", disse ele, que já chegou a responsabilizar esses grupos por locautes (greve incentivada por patrões).


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