São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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entrevista

"Fim não justifica meios", diz arcebispo

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Após tentar barrar o aborto, dom José Cardoso Sobrinho disse que as pessoas devem lembrar que acima de todas as coisas está a lei divina. Para ele, "os fins não justificam os meios", e, mesmo diante da possibilidade de a menina não resistir à gravidez, "duas vidas humanas não deveriam ter sido suprimidas". (RB)

 

FOLHA - Por quê excomungar os envolvidos no caso?
DOM JOSÉ CARDOSO SOBRINHO -
Não tenho o poder de excomungar ninguém. Está escrito nas leis da Igreja. As pessoas que atuaram diretamente para as mortes estão automaticamente excomungadas. Ou seja, não estão mais em comunhão com a Igreja. A Igreja é tão benigna que aquelas que só apoiaram não são excomungadas e as que foram não estão condenadas eternamente. Se se arrependerem, a Igreja perdoa.

FOLHA - A punição é dada apesar de a lei amparar o ato?
SOBRINHO
- Algumas leis civis são contra a lei de Deus. É o caso de aborto e divórcio. Deve-se lembrar que a lei de Deus está acima de todas as coisas. Fiz o que podia para impedir a morte destes inocentes.

FOLHA - Mas ela corria risco. DOM JOSÉ - O médico dizia que havia o risco, mas o fim não justifica os meios. A boa finalidade de salvar a vida dela não podia ter suprimido duas vidas. Vou dar um exemplo: eu gosto muito de dar alimentos aos pobres, mas para consegui-los não posso roubar um banco ou assaltar alguém. Dois inocentes morreram, sem chance de se defender.

FOLHA - O sr. não teme que isso afaste fiéis da Igreja?
DOM JOSÉ
- Se afastar os fiéis que não comungam dos ensinamentos da Igreja, que seja. Hitler matou 6 milhões de judeus e o Holocausto é lembrado todos os anos. Também penso num Holocausto silencioso, nos 50 milhões de abortos no mundo a cada ano.


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