São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DESABAMENTO
Ex-moradores receberiam valor pago à Sersan; Presidência diz que depois cobrará empresa, que já deve ao Executivo
Governo diz que indenizará vítimas do prédio

da Sucursal de Brasília


O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou ontem que o governo vai indenizar os ex-moradores do edifício Palace 2, no Rio, mediante autorização do Congresso. O Palace 2 dasabou parcialmente durante o Carnaval e foi implodido no último sábado. "Foi encontrada uma fórmula pela qual o governo indenizará os moradores que perderam seus apartamentos", disse Sergio Amaral. Essa fórmula deverá ser divulgada hoje pelo advogado-geral da União, Geraldo Quintão. O assunto foi discutido em reunião do presidente Fernando Henrique Cardoso com Quintão, com os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e com os líderes do governo no Congresso. O líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), disse que a idéia é a União dar aos ex-moradores todo o dinheiro que já haviam pago à construtora Sersan. Em contrapartida, o governo passa a ter direito de receber as indenizações da empresa. As empresas do deputado Sérgio Naya (dono da Sersan) já devem aproximadamente R$ 75 milhões para o governo federal. A soma inclui débitos com a Receita Federal, Banco do Brasil e Previdência Social. Segundo Amaral, o contribuinte não pagará a indenização dos moradores do edifício. O porta-voz não explicou como o governo vai indenizar os desabrigados do Palace 2 sem usar os recursos do contribuinte. "Vocês saberão amanhã (hoje)", disse. "O governo terá a transferência de créditos", afirmou. Amaral afirmou que os moradores vão receber do governo exatamente o que já tiverem pago pelos apartamentos. Segundo Sergio Amaral, Geraldo Quintão vai definir a solução legal que vai possibilitar que o governo indenize os desabrigados. Anteontem, em audiência com FHC, os desabrigados pediram uma linha especial de crédito da CEF (Caixa Econômica Federal) para comprar novos apartamentos. Pela proposta, caberia ao deputado Sérgio Naya (sem partido-MG), dono da Sersan, pagar o recurso à CEF.

Banco do Brasil
Amaral negou ontem que o Banco do Brasil tenha renegociado dívidas com a Sersan em troca de apoio político do deputado Sérgio Naya. A Sersan deve R$ 13 milhões ao Banco do Brasil.
Amaral desafiou aqueles que tenham denúncias a fazer sobre o processo envolvendo o banco e a construtora a apresentarem provas. "É preciso pôr um ponto final a essas acusações sem fundamento", afirmou.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.