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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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RELIGIÃO

Em SP, prefeitura liberou 76 alvarás para abertura de templos em 2002

A cada 5 dias, 1 igreja é inaugurada

EDUARDO ATHAYDE
DO "AGORA"

A cidade de São Paulo está justificando o seu nome religioso. Basta uma volta mais atenciosa pelas ruas e avenidas da capital para constatar que, independentemente de sua crença, as igrejas imergiram o município em um emaranhado sinal da fé brasileira.
Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, em apenas um ano, a cidade teve um aumento de 78% na liberação de alvarás que permitem a abertura de igrejas. Em 1999, segundo a prefeitura, foram liberadas 46, e, em 2000, 82.
O crescimento, apesar de inferior, também pôde ser verificado em 2001. Naquele ano, a Secretaria da Habitação informou ter liberado 84 alvarás, dois a mais do que no ano anterior.
A escalada ascendente verificada em 2000 e 2001, contudo, sofreu um ligeiro declínio em 2002. No ano passado, 76 novas igrejas foram erguidas em São Paulo, ou uma a cada cinco dias.

Escala industrial
Nenhum outro ramo comercial ou industrial cresceu tanto em São Paulo nos últimos anos como as igrejas. Apesar de ter sido feita em âmbito nacional, a Pesquisa Anual Industrial, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), serve como parâmetro para mostrar o avanço dos templos religiosos.
Segundo o IBGE, em 1999, somados todos os setores industriais avaliados, havia no Brasil 117.838 empresas. Em 2000, esse número subiu para 124.778. Ou seja, houve um aumento de 5% na quantidade de empresas, 72% a menos do que o registrado no mesmo período quando o assunto são as igrejas paulistanas.
A expansão das igrejas pode ser ainda maior. Atualmente, não há nenhuma estatística que aponte com precisão quantas são as igrejas em território paulista ou nacional. A pesquisa mais abrangente sobre o tema trata apenas dos fiéis e faz parte do Censo 2000, feito pelo IBGE.
Nela, os católicos representam 73,57% dos religiosos brasileiros. Os protestantes são 19,8%.

Ferro-velho
A princípio, quem passa em frente à Igreja Evangélica Cristo É a Luz do Mundo, no Itaim Paulista (zona leste), pode muito bem achar que, em vez de um templo religioso, lá funciona um bar.
Uma porta de ferro verde, típica de boteco, mantém a igreja fechada. "Os cultos são às quintas e domingos", disse o reverendo -como prefere ser chamado- José Domingos da Silva, 57.
Silva está longe do estereótipo de um pastor. Para se sustentar, ele vende ferro-velho. Por isso, sua aparência nada lembra a dos pastores engravatados.
Segundo Silva, a igreja está lá desde 1999. "Temos cerca de dez seguidores", disse. Um deles é a dona-de-casa Marlene Francisca, que frequenta a igreja há três anos. "Gosto muito do reverendo e me sinto bem na igreja", disse.


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