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EDUCAÇÃO
Número representa 69% das matrículas cassadas no país; no Piauí, município registra mais alunos do que habitantes
Bahia tem quase 200 mil casos irregulares
DA SUCURSAL DO RIO
Ao analisar os dados do Censo
Escolar de 2003, o Ministério da
Educação encontrou casos absurdos, erros grosseiros e diferenças
de quase 200 mil estudantes em
um único Estado.
O caso mais curioso aconteceu
no município de Santo Antônio
dos Milagres, no Piauí. A julgar
pelos dados iniciais do censo,
ocorreu na cidade o milagre da
multiplicação de alunos, já que o
número total de estudantes
(1.996) era maior do que a estimativa de toda a população (1.953).
Depois de uma auditoria, o número total de alunos caiu para
1.360, sendo que apenas 713 deles
estudavam no ensino fundamental. O secretário municipal da
Educação, Carlos Roberto Costa,
admite o erro.
O secretário, porém, credita a
incorreção aos diretores que
preencheram de forma errada os
dados do censo.
"Essa estatística foi corrigida
depois que técnicos do IBGE [há
uma parceria entre MEC e IBGE
para investigar esses casos] vieram aqui checar os dados", disse o
secretário.
Matrículas "cassadas"
Do censo preliminar ao definitivo, o Estado que mais perdeu alunos de ensino fundamental foi a
Bahia, onde 196.026 sumiram das
estatísticas. Esse número representa 69% das 282.712 matrículas
"cassadas" em todo o Brasil.
Nesse processo, a rede estadual
de educação de jovens e adultos
no ensino fundamental da Bahia
teve um crescimento artificial de
14.224% -o número de estudantes passou de 1.294 para 185.348
nas estatísticas.
A secretária estadual de Educação da Bahia, Anaci Bispo Paim,
afirma que essa variação aconteceu porque havia estudantes que
estavam matriculados num programa para eliminar a distorção
idade/série -acelerando os estudos e colocando o aluno na série
adequada à sua idade-, que contavam como matrículas do ensino
fundamental, e que foram encaminhados à rede de educação de
jovens e adultos.
Dirce Gomes, do Inep, diz que
há casos em que os erros são tão
grosseiros que não suscitam desconfiança de fraude ou má-fé.
Ela cita o caso de uma escola de
jovens e adultos no Pará (o ministério não divulgou o nome) onde
o número de alunos foi 70 vezes
maior do que o real.
"Esse erro é tão grosseiro que eu
não consigo imaginar que tenha
havido má-fé", afirmou ela.
(ANTONIO GOIS)
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