São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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Vincular dados a repasse distorce estatísticas

DA SUCURSAL DO RIO

A vinculação dos dados do censo ao repasse de recursos por aluno distorce as estatísticas da educação brasileira e dificulta o trabalho de pesquisadores. A área mais prejudicada é a de educação de jovens e adultos, por causa da inclusão de matrículas que estavam indevidamente contabilizadas no ensino fundamental regular.
No censo de 2003, por exemplo, por causa da recontagem realizada pelo Ministério da Educação, o número de alunos matriculados no ensino fundamental da educação de jovens e adultos aumentou artificialmente em 5,7%, passando de 3.060.126 para 3.234.469, uma diferença de 174 mil alunos.
Na opinião de Maria Clara Di Pierro, assessora de políticas públicas da ONG Ação Educativa, essa distorção é fruto de um veto do então presidente Fernando Henrique Cardoso na lei que criou o Fundef, em 1996.
"A proposta inicial do Fundef, aprovada por consenso na Câmara, previa que as matrículas de jovens e adultos poderiam ser contabilizadas no ensino fundamental para efeito de cálculo dos recursos do fundo. Supondo que seria muito difícil fiscalizar, no entanto, o governo federal vetou esse artigo e acabou gerando essa confusão", afirma.
Ela disse que a matrícula de jovens e adultos no ensino fundamental ainda suscita dúvidas. "Há um parecer jurídico que questionou o veto. Essa questão ainda não foi levada à Justiça e muitos consideram que não é ilegítimo que um aluno adulto seja declarado estudante do ensino fundamental." Para ela, uma solução é acelerar a criação do Fundeb (que incluirá toda a educação básica e substituirá o Fundef, restrito ao ensino fundamental).
Para o secretário de Educação de Cuiabá, Carlos Maldonado, que processará o MEC por mudanças no censo nos dados do município, o modelo de distribuição de recursos do Fundef e a vinculação por aluno possibilitam a fraude. Maldonado critica ainda o que chamou de a "pretensa" igualdade entre as unidades da federação. (AG)


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